segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Uma anistia ampla, geral e irrestrita dos discursos para a defesa do meio ambiente


     Na defesa do meio ambiente, devemos ser nacionalistas ou patriotas? Ou devemos pautar nossas observações sobre questões ambientais nas análises internacionalistas de ONGs e de líderes políticos de renome, tais como os presidentes de países mais ricos e desenvolvidos do mundo?

      Uma terceira dúvida nos aflige: qual o limite para nos inserirmos no processo de globalização para o qual os países mais afluentes e poderosos do mundo nos convidam?

       Já vivemos tempos em que o nacionalismo era a palavra de ordem: Adolf Hitler era um nacionalista fervoroso. Um líder nacionalista pensa sempre sobre poder, vitória, derrota e vingança e tende a não se interessar pelo que acontece no mundo real. Nas palavras de Danilo Kish, o nacionalismo “não tem valores universais, estéticos ou éticos”. Donald Trump é um exemplo de líder nacionalista, para ele os Estados Unidos estão em primeiro lugar, acima de tudo e de todos, não lhe interessando as reais condições do mundo fora do seu território. Sem pestanejar Donald Trump ordenou a retirada das tropas norte-americanas do território curdo, deixando aquele povo completamente abandonado perante o forte e cruel exército turco, um dos maiores do mundo.

        O conceito de patriotismo é muito mais limitado: um líder que defende o patriotismo está preocupado com o que o mundo real pensa sobre o seu país, e quando necessário defende o seu território com fundamento no princípio de soberania que lhe é pertinente frente às demais nacionalidades.

         O vigente modelo de globalização possui a amplitude necessária para sobrepor-se às noções de soberania nacional e ao conceito de patriotismo: por exemplo, as Organizações Não Governamentais, que surgem como um modismo incontrolável da nova forma de dominação global, que pode ser criado e financiado com recursos estrangeiros para funcionarem legalmente dentro dos territórios nacionais, constituindo uma forma sutil e sub-reptícia de superação das decisões patrióticas e soberanas que se insurgem contra propostas de impedimento das únicas saídas para o desenvolvimento de uma sociedade complexa, como o Brasil, por exemplo, que tem por obrigação explorar com racionalidade as riquezas do seu solo amazônico, correspondente a 51% do território nacional. As ONGs atacaram impiedosamente o governo brasileiro por causa das seculares queimadas amazônicas, velhas de cinco séculos, ainda que hoje acionadas também por mineradores e fazendeiros, que o Brasil combate com tropas e polícia federal.

          Deixando por algum tempo as reflexões conceituais, adentremos o mundo real das manchas de óleo que invadiram todo o litoral nordestino brasileiro nos últimos dois meses deste ano da graça de 2019.

           É muito grave a agressão ao litoral brasileiro nos últimos sessenta dias. Apesar dos esforços da Marinha brasileira, acionada por ordem do poder executivo nacional, ainda não conseguimos rastrear e identificar a embarcação responsável pelo despejo, em alto mar, segundo os cálculos divulgados, de cerca de 500 barris de petróleo que continuam invadindo as mais de 250 praias brasileiras e se alojando em bancos de corais e manguezais, além de atingirem peixes e tartarugas, numa mortandade que nos entristece e assusta.

           No entanto, frente a tamanho desastre ambiental, Angela Merkel, a ativa presidente alemã, nem tampouco o presidente francês, Emanuel Macron, um líder que se disse preocupado com as queimadas no nosso território amazônico, ou qualquer outra importante liderança mundial disse uma palavra sequer em apoio ao Brasil.

            E as tantas ONGs estabelecidas no território nacional, como reagiram a esta devastadora ocorrência contra a natureza no território brasileiro?

            Ora, as tais ONGs reagiram pondo toda a culpa no atual governo brasileiro! Fizeram um movimento defronte ao Palácio do Planalto para mostrar a incompetência das autoridades nacionais em reagir apenas à sujeira das praias, nada disseram sobre a provável autoria do derramamento das prováveis centenas de barris que causaram todo aquele desastre ambiental, puseram toda a culpa no governo de Jair Bolsonaro.

               E as grandes organizações mundiais, como a ONU e a UNESCO, como reagiram a mais este desastre ambiental? Ora, a UNESCO, somente agora, dois meses depois do acontecimento, veio à luz dar o ar da sua graça.

               E a imprensa nacional, como vem reagindo a toda esta lambança contra o Brasil?

                Ora, a imprensa brasileira não deixou de fustigar o governo, apontando a falta de ações de combate governamental ao terrível desastre, apontando não os prováveis responsáveis pelo derramamento do óleo, mas, como as ONGs, o descuido do governo federal por não dispor de um plano emergencial para dar atenção à sujeira das praias. Sobre a responsabilidade dos governos estaduais em também apresentarem planos de combate ao incidente no mar e nas praias, nem uma palavra sequer. É como se apenas fosse de responsabilidade federal as propostas de soluções para os inúmeros problemas decorrentes de tamanha agressão ao meio ambiente litorâneo do Brasil.

                  Afinal, surgiu alguma evidência da responsabilidade por esta agressão ao território brasileiro? Sim, reconhecidas instituições de pesquisa apontaram a origem do óleo derramado em alto mar: o petróleo tem origem venezuelana, seu DNA é venezuelano! Que ineludível  coincidência!

                  No entanto, para surpresa de todos nós, brasileiros e estrangeiros, nem as ONGs nem a imprensa apoiaram este indicativo científico. Ambas as organizações ignoraram tão forte evidência da responsabilidade pelo derramamento que segue açoitando a costa marítima do Brasil.

                Pior ainda, alimentaram o noticiário que afirmou que o derramamento de todo esse petróleo foi causado por um vazamento de uma embarcação da Shell Petroleum, no alto mar, uma clara demonstração de descuido não só no transporte dessa mercadoria, mas também no seu descarte.

               Fico imaginando se a Shell, que comprou concessões de lotes do pré-sal brasileiro, for irresponsável, incompetente e descuidada na exploração desse petróleo nas profundezas do mar e deixar que ocorram vazamentos que alcançarão o litoral nacional. Este, sim, será um desastre irreversível que inviabilizará o desenvolvimento do país por décadas!

                Um governo patriota afirmará, com ou sem planos emergenciais para este tipo de enfrentamento, que isso pode acontecer aqui entre nós, mas que vamos lutar para impedir que tamanho desastre nos aflija outras vezes no futuro próximo.

                  E para cuidarmos da prevenção de desastres ambientais semelhantes precisaremos de investimentos vultosos em embarcações de guerra para proteger e fiscalizar o imenso mar brasileiro das duzentas milhas territoriais, que pretendemos aumentar. Pela sua imensidão necessitaremos de pelo menos seis submarinos atômicos e dois porta-aviões, além de barcos mais ligeiros, de pequeno e de grande porte. Ou fazemos este investimento, ou continuaremos correndo o risco permanente de outros “vazamentos” alcançarem o litoral do nosso território.

               Até imagino a reação da imprensa brasileira a esse tipo de sugestão de defesa do nosso imenso território nacional pela presença de barcos de guerra em nosso mar territorial, muito embora ela nada comente sobre a compra de enormes quantidades de armamentos pela Venezuela, prontamente distribuídos à população civil daquele país, além de aviões e carros de guerra, adquiridos da Rússia de Vladimir Putin, que dessa forma tem um pé metido na porta escancarada da América Latina.

               É obrigatório afirmar que ou o Brasil se prepara para defender seus territórios – o continental, o amazônico e o marítimo - ou nos tornaremos presa fácil das grandes nações guerreiras do mundo moderno: os EUA, a Rússia e a China.

              Numa só frase, ou o Brasil e seus governantes pensam patrioticamente em se fazer um grande país ou nos tornaremos eternos prisioneiros dos países ricos e poderosos e dominadores do processo de globalização mundial.

               Compete ao governo brasileiro aliar-se aos Estados Unidos, ainda que sob a batuta nacionalista de Donald Trump, pois, como dizia Foster Dulles, um diplomata norte-americano, “um país não tem amigos, tem aliados”, para adquirirmos dois porta-aviões, que, em nossas mãos, ajudarão aquele país a vigiar o Atlântico Sul, pois isto até aliviará a enorme despesa  norte-americana com gastos militares para a manutenção da liderança mundial que divide com a Rússia de Vladimir Putin e a China de Xi Jinping. Quanto à meia dúzia de submarinos atômicos que necessitamos, estamos investindo em sua construção e logo os teremos à nossa disposição.

             Enfim, não devemos chorar pelo óleo derramado, pois ele servirá, em última instância, como mais um alerta para, no contexto de uma junção ampla e irrestrita dos discursos cotidianos, seguirmos lutando pela construção de um Brasil do tamanho que o nosso povo merece, com o devido patriotismo que certas organizações e pessoas esquecem, encantados pelos modismos criados pelo processo de globalização que não nos interessa.

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