Na defesa do meio ambiente, devemos ser
nacionalistas ou patriotas? Ou devemos pautar nossas observações sobre questões
ambientais nas análises internacionalistas de ONGs e de líderes políticos de
renome, tais como os presidentes de países mais ricos e desenvolvidos do mundo?
Uma terceira dúvida nos aflige: qual o
limite para nos inserirmos no processo de globalização para o qual os países
mais afluentes e poderosos do mundo nos convidam?
Já vivemos tempos em que o nacionalismo
era a palavra de ordem: Adolf Hitler era um nacionalista fervoroso. Um líder
nacionalista pensa sempre sobre poder, vitória, derrota e vingança e tende a
não se interessar pelo que acontece no mundo real. Nas palavras de Danilo Kish,
o nacionalismo “não tem valores universais, estéticos ou éticos”. Donald Trump
é um exemplo de líder nacionalista, para ele os Estados Unidos estão em
primeiro lugar, acima de tudo e de todos, não lhe interessando as reais
condições do mundo fora do seu território. Sem pestanejar Donald Trump ordenou
a retirada das tropas norte-americanas do território curdo, deixando aquele
povo completamente abandonado perante o forte e cruel exército turco, um dos
maiores do mundo.
O conceito de patriotismo é muito mais
limitado: um líder que defende o patriotismo está preocupado com o que o mundo
real pensa sobre o seu país, e quando necessário defende o seu território com
fundamento no princípio de soberania que lhe é pertinente frente às demais
nacionalidades.
O vigente modelo de globalização possui
a amplitude necessária para sobrepor-se às noções de soberania nacional e ao
conceito de patriotismo: por exemplo, as Organizações Não Governamentais, que
surgem como um modismo incontrolável da nova forma de dominação global, que
pode ser criado e financiado com recursos estrangeiros para funcionarem
legalmente dentro dos territórios nacionais, constituindo uma forma sutil e
sub-reptícia de superação das decisões patrióticas e soberanas que se insurgem
contra propostas de impedimento das únicas saídas para o desenvolvimento de uma
sociedade complexa, como o Brasil, por exemplo, que tem por obrigação explorar
com racionalidade as riquezas do seu solo amazônico, correspondente a 51% do
território nacional. As ONGs atacaram impiedosamente o governo brasileiro por
causa das seculares queimadas amazônicas, velhas de cinco séculos, ainda que
hoje acionadas também por mineradores e fazendeiros, que o Brasil combate com
tropas e polícia federal.
Deixando por algum tempo as reflexões
conceituais, adentremos o mundo real das manchas de óleo que invadiram todo o
litoral nordestino brasileiro nos últimos dois meses deste ano da graça de
2019.
É muito grave a agressão ao litoral
brasileiro nos últimos sessenta dias. Apesar dos esforços da Marinha
brasileira, acionada por ordem do poder executivo nacional, ainda não
conseguimos rastrear e identificar a embarcação responsável pelo despejo, em
alto mar, segundo os cálculos divulgados, de cerca de 500 barris de petróleo
que continuam invadindo as mais de 250 praias brasileiras e se alojando em
bancos de corais e manguezais, além de atingirem peixes e tartarugas, numa
mortandade que nos entristece e assusta.
No entanto, frente a tamanho
desastre ambiental, Angela Merkel, a ativa presidente alemã, nem tampouco o
presidente francês, Emanuel Macron, um líder que se disse preocupado com as
queimadas no nosso território amazônico, ou qualquer outra importante liderança
mundial disse uma palavra sequer em apoio ao Brasil.
E as tantas ONGs estabelecidas no
território nacional, como reagiram a esta devastadora ocorrência contra a
natureza no território brasileiro?
Ora, as tais ONGs reagiram pondo
toda a culpa no atual governo brasileiro! Fizeram um movimento defronte ao
Palácio do Planalto para mostrar a incompetência das autoridades nacionais em
reagir apenas à sujeira das praias, nada disseram sobre a provável autoria do
derramamento das prováveis centenas de barris que causaram todo aquele desastre
ambiental, puseram toda a culpa no governo de Jair Bolsonaro.
E as grandes organizações
mundiais, como a ONU e a UNESCO, como reagiram a mais este desastre ambiental?
Ora, a UNESCO, somente agora, dois meses depois do acontecimento, veio à luz
dar o ar da sua graça.
E a imprensa nacional, como vem
reagindo a toda esta lambança contra o Brasil?
Ora, a imprensa brasileira não
deixou de fustigar o governo, apontando a falta de ações de combate
governamental ao terrível desastre, apontando não os prováveis responsáveis
pelo derramamento do óleo, mas, como as ONGs, o descuido do governo federal por
não dispor de um plano emergencial para dar atenção à sujeira das praias. Sobre
a responsabilidade dos governos estaduais em também apresentarem planos de
combate ao incidente no mar e nas praias, nem uma palavra sequer. É como se
apenas fosse de responsabilidade federal as propostas de soluções para os
inúmeros problemas decorrentes de tamanha agressão ao meio ambiente litorâneo
do Brasil.
Afinal, surgiu alguma
evidência da responsabilidade por esta agressão ao território brasileiro? Sim,
reconhecidas instituições de pesquisa apontaram a origem do óleo derramado em
alto mar: o petróleo tem origem venezuelana, seu DNA é venezuelano! Que
ineludível coincidência!
No entanto, para surpresa de
todos nós, brasileiros e estrangeiros, nem as ONGs nem a imprensa apoiaram este
indicativo científico. Ambas as organizações ignoraram tão forte evidência da
responsabilidade pelo derramamento que segue açoitando a costa marítima do
Brasil.
Pior ainda, alimentaram o
noticiário que afirmou que o derramamento de todo esse petróleo foi causado por
um vazamento de uma embarcação da Shell Petroleum, no alto mar, uma clara
demonstração de descuido não só no transporte dessa mercadoria, mas também no
seu descarte.
Fico imaginando se a Shell, que
comprou concessões de lotes do pré-sal brasileiro, for irresponsável, incompetente
e descuidada na exploração desse petróleo nas profundezas do mar e deixar que
ocorram vazamentos que alcançarão o litoral nacional. Este, sim, será um
desastre irreversível que inviabilizará o desenvolvimento do país por décadas!
Um governo patriota afirmará,
com ou sem planos emergenciais para este tipo de enfrentamento, que isso pode
acontecer aqui entre nós, mas que vamos lutar para impedir que tamanho desastre
nos aflija outras vezes no futuro próximo.
E para cuidarmos da prevenção de desastres
ambientais semelhantes precisaremos de investimentos vultosos em embarcações de
guerra para proteger e fiscalizar o imenso mar brasileiro das duzentas milhas
territoriais, que pretendemos aumentar. Pela sua imensidão necessitaremos de
pelo menos seis submarinos atômicos e dois porta-aviões, além de barcos mais
ligeiros, de pequeno e de grande porte. Ou fazemos este investimento, ou
continuaremos correndo o risco permanente de outros “vazamentos” alcançarem o litoral
do nosso território.
Até imagino a reação da imprensa
brasileira a esse tipo de sugestão de defesa do nosso imenso território
nacional pela presença de barcos de guerra em nosso mar territorial, muito
embora ela nada comente sobre a compra de enormes quantidades de armamentos pela
Venezuela, prontamente distribuídos à população civil daquele país, além de
aviões e carros de guerra, adquiridos da Rússia de Vladimir Putin, que dessa
forma tem um pé metido na porta escancarada da América Latina.
É obrigatório afirmar que ou o
Brasil se prepara para defender seus territórios – o continental, o amazônico e
o marítimo - ou nos tornaremos presa fácil das grandes nações guerreiras do
mundo moderno: os EUA, a Rússia e a China.
Numa só frase, ou o Brasil e seus
governantes pensam patrioticamente em se fazer um grande país ou nos tornaremos
eternos prisioneiros dos países ricos e poderosos e dominadores do processo de
globalização mundial.
Compete ao governo brasileiro
aliar-se aos Estados Unidos, ainda que sob a batuta nacionalista de Donald
Trump, pois, como dizia Foster Dulles, um diplomata norte-americano, “um país
não tem amigos, tem aliados”, para adquirirmos dois porta-aviões, que, em
nossas mãos, ajudarão aquele país a vigiar o Atlântico Sul, pois isto até
aliviará a enorme despesa
norte-americana com gastos militares para a manutenção da liderança
mundial que divide com a Rússia de Vladimir Putin e a China de Xi Jinping.
Quanto à meia dúzia de submarinos atômicos que necessitamos, estamos investindo
em sua construção e logo os teremos à nossa disposição.
Enfim, não devemos chorar pelo
óleo derramado, pois ele servirá, em última instância, como mais um alerta para,
no contexto de uma junção ampla e irrestrita dos discursos cotidianos, seguirmos
lutando pela construção de um Brasil do tamanho que o nosso povo merece, com o
devido patriotismo que certas organizações e pessoas esquecem, encantados pelos
modismos criados pelo processo de globalização que não nos interessa.
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