terça-feira, 1 de novembro de 2016

Se o PMDB quisesse

* Texto escrito em 06/03/2015

Agora que detém o comando do Poder Legislativo, após difícil batalha parlamentar-partidária contra os governantes recém eleitos, se o PMDB quisesse passaria o Brasil a limpo, bastando-lhe apenas jogar o jogo político que está em suas mãos que presidem as duas Casas congressuais do país.

Se o PMDB quisesse, colocaria em funcionamento o Congresso Nacional dos sonhos do filósofo Jean-Jacques Rousseau, aquele digno de um sistema de verdadeira separação dos poderes estatais como nunca antes se viu operar neste país, um congresso nacional capaz de recuperar a legitimidade republicana e democrática que pode trazer de volta o desenvolvimento com crescimento econômico e uma qualidade de vida de alto nível, como o merecem seus concidadãos.

Se o PMDB quisesse, as pautas congressuais levariam os parlamentares de pelo menos 27 partidos políticos, eleitos pela primeira vez e os remanescentes reeleitos, a discutirem a fundamental e inadiável reforma tributária que a cidadania e a economia tanto imploram há décadas.

  Se o PMDB quisesse, a reforma política tantas vezes postergada, inadiável para resgatar a legitimidade do sufrágio universal direto, seria prioridade das discussões de uma comissão especial formada com exclusividade para tanto, uma reforma sem a necessidade de um plebiscito bolivarianista, a seguir confirmada, ou não, por um referendo como admite o artigo constitucional que lhe dá sustentação.
                                                 
Se o PMDB quisesse, transformaria o presidencialismo de corrupção que domina as instituições endinheiradas do Estado em um verdadeiro presidencialismo de coalizão, pregado por Montesquieu há quase três séculos.
                                                 
  Se o PMDB quisesse, a reforma agrária necessária seria realizada, e seus exploradores murchariam e desapareceriam.
                                                  
   Se o PMDB quisesse, as agências reguladoras do Estado funcionariam para defender os interesses do consumidor-cidadão, tão espoliado por tarifas que não condizem com os verdadeiros custos da prestação dos serviços, como o telefônico, por exemplo, o mais caro do mundo ocidental. 

Se o PMDB quisesse, os juros bancários, como em Portugal, nosso avozinho, baixariam da estratosfera e seriam civilizados e controlados pelo Congresso Nacional, para desgosto dos financiadores de campanhas políticas.
                                                       
Se o PMDB quisesse, aquele de Ulisses Guimarães e Severo Gomes, a saúde pública, as rodovias, o transporte público, a segurança pública e a educação com professores bem formados e melhor pagos, funcionariam para proveito da cidadania honesta assalariada que trabalha e não tem como sonegar impostos, e não para exclusivo lucro do Estado e dos empresários maus competidores e dos narcotraficantes, hoje também sócios de negócios coletivos graças a políticos e partidos, que gargalham, ambos, do Código Penal e do seu primo-par, o Código de Processo Penal brasileiros, velhinhos e ultrapassados para o enfrentamento da cruel e ameaçadora realidade urbana e rural de balas perdidas que nos circunda.
                                                          
Se o PMDB quisesse, haveria penitenciárias em número suficiente para abrigar prisioneiros até o cumprimento final de suas penas, marginais cujas famílias recebem bolsas mais recheadas que o salário mínimo que se abate sobre a população honesta que sobrevive do próprio trabalho.
                                                            
Se o PMDB quisesse, a indústria nacional voltaria a crescer e seria competitiva no plano internacional, e os países vizinhos deixariam de usar nossas fronteiras para entupir de cocaína, maconha e crack nosso território.
                                                            
 Se o PMDB quisesse, o Brasil construiria e recuperaria portos no país, e não em Cuba.
                                                          
   Se o PMDB quisesse teríamos mais pediatras brasileiros com salários diferenciados das demais especialidades médicas, em nossos hospitais e unidades de saúde pública, ao invés de pagarmos milhões de reais aos irmãos Castro, que repassam apenas 20% desse montante a clínicos cubanos em nosso país.
                                                             
Se o PMDB quisesse, planejamento e gente competente solucionariam o grave problema dos combustíveis, dos apagões elétricos e da interligação das nossas bacias hidrográficas que cobrem todo o território nacional, questões que afligem o dia a dia de todas as classes sociais, em especial as mais desfavorecidas.
                                                             
  Se o PMDB quisesse, daria continuidade ao enfrentamento da estratégia do governo petista de fragmentação partidária, fortalecendo o PROS dos Gomes e o PSD do Kassab, numa tentativa transparente de enfraquecê-lo como um dos partidos mais fortes no cenário do Congresso Nacional.
                                                             
  Se o PMDB quisesse, investigaria a fundo o conluio entre políticos, partidos e funcionários públicos para assaltarem os cofres do Estado nacional contando sempre com a impunidade que a imunidade parlamentar, o dinheiro ou as brechas do ordenamento jurídico lhes permite.
                                                               
 Se o PMDB quisesse, não admitiria que os partidos políticos e seus dirigentes escondessem do eleitorado, ou melhor, da nação brasileira, não só o caso da Petrobrás, mas toda a sujeira que os autores das delações premiadas estão revelando à Justiça Federal e ao Ministério Público, e também investigaria e premiaria quem se dispusesse a revelar negociatas nas agências de prestação de serviços especializados, na Esplanada dos  Ministérios, no  BNDES, nos grandes bancos estatais e nos fundos de pensão bilionários aos cuidados de espertos militontos partidários.

                                                           
  Se o PMDB quisesse, aproveitaria ter nas mãos o comando do Congresso Nacional para levar o Estado brasileiro a se reencontrar com a nação em seus anseios por mudanças políticas que não podem ser efetivadas por um só partido, liderado por uma só liderança que se mostraram incapazes de sequer gerenciar a máquina pública de um dos territórios potencialmente mais ricos do planeta.
                                                            
  Se o PMDB quisesse, adotaria a virtude aristotélica do meio como solução para conflitos de forças sociais e políticas, de qualquer ordem ideológica, sem perder o rumo do compromisso a sério com as graves questões nacionais que pedem soluções políticas há pelo menos dois séculos.
                                                               
  Se o PMDB quisesse, o Brasil deixaria de caminhar torto e a vida política seria corrigida, mesmo que em mais doze anos, para padrões civilizados, não inviabilizando, mas aprovando as leis corretas, fiscalizando e cobrando, de dentro do poder legislativo, desse governo recém empossado, eleito pelos grotões e metade dos centros urbanos – que se fizeram cegos pela ilusão marqueteira e pela mentira pregada pelos políticos que nos governarão pelos próximos quatro anos - entorpecidos por uma ideologia ultrapassada que enxerga o caos a que estamos submetidos como se estivéssemos numa verdadeira Ilha da Fantasia de Dona Alice.
                                                               
   Ah, se o PMDB quisesse, e o Congresso Nacional permitisse..., um outro Brasil seria possível.                                                                  
                                                                  

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Lembre-se, você é responsável por sua opinião publicada neste blog!