* Texto escrito em 06/03/2015
Agora
que detém o comando do Poder Legislativo, após difícil batalha
parlamentar-partidária contra os governantes recém eleitos, se o PMDB quisesse
passaria o Brasil a limpo, bastando-lhe apenas jogar o jogo político que está
em suas mãos que presidem as duas Casas congressuais do país.
Se
o PMDB quisesse, colocaria em funcionamento o Congresso Nacional dos sonhos do
filósofo Jean-Jacques Rousseau, aquele digno de um sistema de verdadeira
separação dos poderes estatais como nunca antes se viu operar neste país, um
congresso nacional capaz de recuperar a legitimidade republicana e democrática
que pode trazer de volta o desenvolvimento com crescimento econômico e uma
qualidade de vida de alto nível, como o merecem seus concidadãos.
Se o PMDB quisesse, as pautas congressuais levariam os parlamentares de
pelo menos 27 partidos políticos, eleitos pela primeira vez e os remanescentes
reeleitos, a discutirem a fundamental e inadiável reforma tributária que a
cidadania e a economia tanto imploram há décadas.
Se o PMDB quisesse, a reforma política tantas
vezes postergada, inadiável para resgatar a legitimidade do sufrágio universal
direto, seria prioridade das discussões de uma comissão especial formada com
exclusividade para tanto, uma reforma sem a necessidade de um plebiscito
bolivarianista, a seguir confirmada, ou não, por um referendo como admite o
artigo constitucional que lhe dá sustentação.
Se o PMDB quisesse, transformaria o presidencialismo de corrupção que
domina as instituições endinheiradas do Estado em um verdadeiro
presidencialismo de coalizão, pregado por Montesquieu há quase três séculos.
Se o PMDB quisesse, a reforma agrária necessária seria realizada, e seus
exploradores murchariam e desapareceriam.
Se o PMDB quisesse, as agências reguladoras do Estado funcionariam para
defender os interesses do consumidor-cidadão, tão espoliado por tarifas que não
condizem com os verdadeiros custos da prestação dos serviços, como o
telefônico, por exemplo, o mais caro do mundo ocidental.
Se o PMDB quisesse, os juros bancários, como em Portugal, nosso avozinho,
baixariam da estratosfera e seriam civilizados e controlados pelo Congresso
Nacional, para desgosto dos financiadores de campanhas políticas.
Se o PMDB quisesse, aquele de Ulisses Guimarães e Severo Gomes, a saúde
pública, as rodovias, o transporte público, a segurança pública e a educação
com professores bem formados e melhor pagos, funcionariam para proveito da
cidadania honesta assalariada que trabalha e não tem como sonegar impostos, e
não para exclusivo lucro do Estado e dos empresários maus competidores e dos
narcotraficantes, hoje também sócios de negócios coletivos graças a políticos e
partidos, que gargalham, ambos, do Código Penal e do seu primo-par, o Código de
Processo Penal brasileiros, velhinhos e ultrapassados para o enfrentamento da
cruel e ameaçadora realidade urbana e rural de balas perdidas que nos circunda.
Se o PMDB quisesse, haveria penitenciárias em número suficiente para
abrigar prisioneiros até o cumprimento final de suas penas, marginais cujas
famílias recebem bolsas mais recheadas que o salário mínimo que se abate sobre
a população honesta que sobrevive do próprio trabalho.
Se o PMDB quisesse, a indústria
nacional voltaria a crescer e seria competitiva no plano internacional, e os
países vizinhos deixariam de usar nossas fronteiras para entupir de cocaína,
maconha e crack nosso território.
Se o
PMDB quisesse, o Brasil construiria e recuperaria portos no país, e não em
Cuba.
Se o PMDB quisesse teríamos mais pediatras brasileiros com salários diferenciados
das demais especialidades médicas, em nossos hospitais e unidades de saúde
pública, ao invés de pagarmos milhões de reais aos irmãos Castro, que repassam
apenas 20% desse montante a clínicos cubanos em nosso país.
Se o PMDB
quisesse, planejamento e gente competente solucionariam o grave problema dos
combustíveis, dos apagões elétricos e da interligação das nossas bacias
hidrográficas que cobrem todo o território nacional, questões que afligem o dia
a dia de todas as classes sociais, em especial as mais desfavorecidas.
Se o PMDB quisesse, daria continuidade ao enfrentamento da estratégia do
governo petista de fragmentação partidária, fortalecendo o PROS dos Gomes e o
PSD do Kassab, numa tentativa transparente de enfraquecê-lo como um dos
partidos mais fortes no cenário do Congresso Nacional.
Se o PMDB quisesse, investigaria a fundo o conluio entre políticos,
partidos e funcionários públicos para assaltarem os cofres do Estado nacional
contando sempre com a impunidade que a imunidade parlamentar, o dinheiro ou as
brechas do ordenamento jurídico lhes permite.
Se
o PMDB quisesse, não admitiria que os partidos políticos e seus dirigentes
escondessem do eleitorado, ou melhor, da nação brasileira, não só o caso da Petrobrás,
mas toda a sujeira que os autores das delações premiadas estão revelando à
Justiça Federal e ao Ministério Público, e também investigaria e premiaria quem
se dispusesse a revelar negociatas nas agências de prestação de serviços
especializados, na Esplanada dos
Ministérios, no BNDES, nos
grandes bancos estatais e nos fundos de pensão bilionários aos cuidados de
espertos militontos partidários.
Se o PMDB quisesse, aproveitaria ter nas mãos o comando do Congresso
Nacional para levar o Estado brasileiro a se reencontrar com a nação em seus
anseios por mudanças políticas que não podem ser efetivadas por um só partido,
liderado por uma só liderança que se mostraram incapazes de sequer gerenciar a
máquina pública de um dos territórios potencialmente mais ricos do planeta.
Se o PMDB quisesse, adotaria a virtude aristotélica do meio como solução
para conflitos de forças sociais e políticas, de qualquer ordem ideológica, sem
perder o rumo do compromisso a sério com as graves questões nacionais que pedem
soluções políticas há pelo menos dois séculos.
Se o PMDB quisesse, o Brasil deixaria de caminhar torto e a vida política
seria corrigida, mesmo que em mais doze anos, para padrões civilizados, não
inviabilizando, mas aprovando as leis corretas, fiscalizando e cobrando, de
dentro do poder legislativo, desse governo recém empossado, eleito pelos
grotões e metade dos centros urbanos – que se fizeram cegos pela ilusão
marqueteira e pela mentira pregada pelos políticos que nos governarão pelos
próximos quatro anos - entorpecidos por uma ideologia ultrapassada que enxerga
o caos a que estamos submetidos como se estivéssemos numa verdadeira Ilha da
Fantasia de Dona Alice.
Ah, se o PMDB quisesse, e o Congresso Nacional permitisse..., um outro
Brasil seria possível.
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