Chegado o momento da expansão internacional, a Petrobrás estava entregue
a “paus mandados” de políticos
desonestos que, em troca de apoio ao poder Executivo, estão avançando
impiedosamente sobre os recursos financeiros amealhados pela empresa,
articulando negócios que lhes forram os bolsos e as contas bancárias com
milhões/bilhões de dólares, enquanto dilapidam o patrimônio da empresa no presente
e o comprometem para o futuro, graças às formidáveis armadilhas plantadas após
cada compra ou negócio fechado em nome da estatal.
Assim,
incompetência gerencial e propósitos desonestos, aliados a uma falta de
conhecimento específico do direito privado de cada país com os quais negociamos
e à carência de uma política exterior brasileira voltada para defesa dos reais
interesses econômicos nacionais, somando-se a uma ideologia ultrapassada, que
nos quer e nos faz “brasileiros
bonzinhos”, num mundo extremamente competitivo, uma verdadeira “guerra de todos contra todos”, como afirmou
Thomas Hobbes, começam a dilapidar e destruir a Petrobrás.
Por que tantas
lembranças sobre o surgimento e o desenvolvimento da Petrobrás? Porque esta empresa e seu bom desenvolvimento
e gerenciamento são de fundamental importância para a construção de um Brasil
mais rico, melhor educado, capaz de proporcionar vida com qualidade para todas
as classes sociais que conformam a sua cidadania.
O caso
recente da compra incompetente, desleixada e, quem sabe, corrupta da refinaria de Pasadena ( PRSI) no
Texas, EUA, não nos pode deixar esquecer a perda das refinarias da Petrobrás na
Bolívia, no governo Lula da Silva, nem, recuando mais um pouco no tempo, a
perda do vasto campo petrolífero de Majnun ( “maluco”, em árabe; maluco, por
ser muito grande) descoberto pela Petrobrás, no Iraque de Sadam Hussein, cujas
negociações e perda se deram no decorrer do longo governo ditatorial militar
instalado em 1964.
Para
ficarmos apenas com a refinaria de Pasadena, a Petrobrás já desembolsou cerca
de US $1 bilhão e trezentos milhões, por uma empresa considerada “a pior refinaria
da região” em que se encontra instalada, desde 1920, e que foi adquirida pela
belga Astra Oil por 42 milhões de dólares norte-americanos. Tem mais: somente
para lidar com o passivo ambiental não resolvido pelo espertalhão sócio
europeu, o Brasil terá que desembolsar mais um bilhão e meio de dólares, e mais
outros dois bilhões de dólares para modernizar suas ultrapassadas e antigas
instalações.
Em resumo, a
Petrobrás vai ter que desembolsar entre 4,8 e 6 bilhões de dólares
norte-americanos - se levarmos em conta que ainda não pagou as multas por
poluição ambiental causadas pela refinaria de Pasadena - por um negócio que
valia 42 milhões de dólares.
Este foi, sem dúvida, um
verdadeiro negócio da China, para os “bélgicos”, diria o saudoso Stanislaw
Ponte Preta, o sobrinho da Tia Zulmira (a sábia macróbia), que infernizava os
governos militares no Brasil pós-64, os quais dispunham de tropas de choque à
paisana, treinadas para prender, torturar e até matar quem os criticasse.
O pior é
constatar que os negociadores da malfadada aquisição, além de não entenderem
bulhufas do estado de conservação de plantas petrolíferas, também nada entendem
do direito privado norte-americano, escondendo, dos membros do Conselho de
Administração da Petrobrás, por absoluta ignorância, negligência e
desconhecimento, acreditemos, o uso
do conceito de expectativa como base
para calcular perdas por quebras contratuais, ainda que maliciosamente
provocadas, pela Astra Oil, mas respaldadas em cláusulas do tipo “put
option” e “Marlim”,
bastante comuns nas celebrações contratuais nos EUA.
Conclusão
implacável: negociar com gringos maliciosos não é para militontos amadores, que prescrutem as linhas de um contrato
comercial, em língua inglesa, com uma rápida mirada à direita, para cima, com
um dos olhos e outra para baixo, à esquerda, com o outro olho, ou à direita e à
esquerda com olhares negligentes de cada olho, para cima e para baixo, a um só
tempo.
Esta qualidade
de negociação é que nos permite perguntar se o petróleo brasileiro ainda é
nosso, questionamento que pode ser adequadamente respondido por uma CPI do
Congresso Nacional brasileiro, e não por órgãos do poder Executivo.
Excelente e literal exposição acerca do que aconteceu (e ainda acontece) na Petrobrás, bem como a forma incompetente e de má-fé de administrar a empresa pública.
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