quinta-feira, 24 de abril de 2014

A Batalha do Petróleo é Nosso ( II )



  Chegado o momento da expansão internacional, a Petrobrás estava entregue a “paus mandados” de políticos desonestos que, em troca de apoio ao poder Executivo, estão avançando impiedosamente sobre os recursos financeiros amealhados pela empresa, articulando negócios que lhes forram os bolsos e as contas bancárias com milhões/bilhões de dólares, enquanto dilapidam o patrimônio da empresa no presente e o comprometem para o futuro, graças às formidáveis armadilhas plantadas após cada compra ou negócio fechado em nome da estatal.
                               
  Assim, incompetência gerencial e propósitos desonestos, aliados a uma falta de conhecimento específico do direito privado de cada país com os quais negociamos e à carência de uma política exterior brasileira voltada para defesa dos reais interesses econômicos nacionais, somando-se a uma ideologia ultrapassada, que nos quer e nos faz “brasileiros bonzinhos”, num mundo extremamente competitivo, uma verdadeira “guerra de todos contra todos”, como afirmou Thomas Hobbes, começam a dilapidar e destruir a Petrobrás.   
                               
  Por que tantas lembranças sobre o surgimento e o desenvolvimento da Petrobrás?  Porque esta empresa e seu bom desenvolvimento e gerenciamento são de fundamental importância para a construção de um Brasil mais rico, melhor educado, capaz de proporcionar vida com qualidade para todas as classes sociais que conformam a sua cidadania.
   O caso recente da compra incompetente, desleixada e, quem sabe,  corrupta da refinaria de Pasadena ( PRSI) no Texas, EUA, não nos pode deixar esquecer a perda das refinarias da Petrobrás na Bolívia, no governo Lula da Silva, nem, recuando mais um pouco no tempo, a perda do vasto campo petrolífero de Majnun ( “maluco”, em árabe; maluco, por ser muito grande) descoberto pela Petrobrás, no Iraque de Sadam Hussein, cujas negociações e perda se deram no decorrer do longo governo ditatorial militar instalado em 1964.
                                  
  Para ficarmos apenas com a refinaria de Pasadena, a Petrobrás já desembolsou cerca de US $1 bilhão e trezentos milhões, por uma empresa considerada “a pior refinaria da região” em que se encontra instalada, desde 1920, e que foi adquirida pela belga Astra Oil por 42 milhões de dólares norte-americanos. Tem mais: somente para lidar com o passivo ambiental não resolvido pelo espertalhão sócio europeu, o Brasil terá que desembolsar mais um bilhão e meio de dólares, e mais outros dois bilhões de dólares para modernizar suas ultrapassadas e antigas instalações.
 Em resumo, a Petrobrás vai ter que desembolsar entre 4,8 e 6 bilhões de dólares norte-americanos - se levarmos em conta que ainda não pagou as multas por poluição ambiental causadas pela refinaria de Pasadena - por um negócio que valia 42 milhões de dólares.                                     
                                
 Este foi, sem dúvida, um verdadeiro negócio da China, para os “bélgicos”, diria o saudoso Stanislaw Ponte Preta, o sobrinho da Tia Zulmira (a sábia macróbia), que infernizava os governos militares no Brasil pós-64, os quais dispunham de tropas de choque à paisana, treinadas para prender, torturar e até matar quem os criticasse.
 O pior é constatar que os negociadores da malfadada aquisição, além de não entenderem bulhufas do estado de conservação de plantas petrolíferas, também nada entendem do direito privado norte-americano, escondendo, dos membros do Conselho de Administração da Petrobrás, por absoluta ignorância, negligência e desconhecimento, acreditemos, o uso do conceito de expectativa como base para calcular perdas por quebras contratuais, ainda que maliciosamente provocadas, pela Astra Oil, mas respaldadas em cláusulas do tipo “put  option” e “Marlim”, bastante comuns nas celebrações contratuais nos EUA.

 Conclusão implacável: negociar com gringos maliciosos não é para militontos amadores, que prescrutem as linhas de um contrato comercial, em língua inglesa, com uma rápida mirada à direita, para cima, com um dos olhos e outra para baixo, à esquerda, com o outro olho, ou à direita e à esquerda com olhares negligentes de cada olho, para cima e para baixo, a um só tempo.

  Esta qualidade de negociação é que nos permite perguntar se o petróleo brasileiro ainda é nosso, questionamento que pode ser adequadamente respondido por uma CPI do Congresso Nacional brasileiro, e não por órgãos do poder Executivo.

Um comentário:

  1. Bruno dos Anjos Pereira14 de janeiro de 2016 às 12:24

    Excelente e literal exposição acerca do que aconteceu (e ainda acontece) na Petrobrás, bem como a forma incompetente e de má-fé de administrar a empresa pública.

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