quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

Juan Domingos Perón, o Mercosul e a parábola do pássaro do doce encanto


O bloco de países que formam o Mercosul tem uma história que se assemelha a uma novela de televisão da qual já se sabe o final, graças ao roteiro desencontrado em que, quando menos se espera, surge uma nova trama que passa a dominar o desenrolar da estória, basta observar o túnel do tempo do cenário político-econômico argentino, entre as últimas décadas do século XIX e as duas primeiras do século XXI, e o país “hermano” nos brindará com um interminável vai-e-vem político que nunca aponta o caminho de decisões que  possam reverter uma incontrolável sucessão de erros dos seus governantes, civis ou militares, democratas ou ditadores, que apenas  aprofundam a recessão naquela que é considerada uma das regiões mais promissoras para a instalação de um processo de desenvolvimento econômico sustentável e duradouro e até de uma aliança com seus vizinhos.

A história registra devidamente o calvário dos argentinos nas mãos de seus governantes no século e meio que se iniciou nas duas últimas décadas do milênio dos oitocentos, fossem eles civis ou militares. No entanto, dentre todos aqueles que tiveram a honra de governar o bravo povo argentino, destaca-se um coronel, Juan Domingos Perón, que esteve no poder por longos anos, com intervalos em que a chama populista peronista nunca se apagou.

Perón foi adido militar de seu país, entre 1940 e 1941, na Itália de Benito Mussolini de quem se tornou um ardoroso admirador e de quem dizia: “O Duce é o maior homem do século!”. O fascínio de Juan Domingos Perón pelo nazi-fascismo explica por que a Argentina se tornou um refúgio para criminosos de guerra nazistas após a Segunda Guerra Mundial. Durante a guerra, os nazistas da marinha de guerra alemã aproveitavam para descansar em Buenos Aires, às vezes por um mês inteiro de muita farra e bebedeiras e reabastecimento, pois ao deixarem a capital portenha poderiam se deparar com os canhões e torpedos da marinha inglesa. E foi o que aconteceu com o pessoal que servia no Graff Spee, um dos maiores barcos de guerra nazistas que, depois de umas férias em Buenos Aires, ao deixar as águas do Rio da Prata, foram atacados e tiveram seu navio afundado pelos ingleses que os esperavam em uma mortal emboscada oceânica.

Em 1943, Perón inicia sua participação na política argentina como Ministro do trabalho de um núcleo militar que chegou ao poder por meio de um golpe de Estado, mas em 1945 o grupo se dividiu em facções e o nosso herói se aliou à facção que foi derrotada, e foi detido.

Juan Domingos Perón pode ser considerado o mais perverso governante populista argentino, um líder que, durante o primeiro mandato, se aproveitou do carisma de uma de suas esposas, Maria Eva Duarte, a atriz e radialista que - mais tarde, encantou as multidões argentinas com ações assistencialistas como Evita, a Rainha dos Descamisados - pediu ao povo, pelas ondas radiofônicas, que fosse para as ruas exigir a soltura do político que foi detido após participar, em 1945, de uma tentativa fracassada de golpe dentro de um golpe político.

Quatro dias depois de sua libertação, Perón e Evita se casaram, e, em fevereiro de 1946, ele foi eleito presidente para um mandato de seis anos. Nessa época, enquanto ela montava um esquema de assistência social aos pobres e necessitados, ele governava com mão de ferro prendendo e eliminando qualquer cidadão, principalmente políticos, jornalistas ou sindicalistas que denunciassem seus delitos e suas fraudes ou mesmo contrariassem seu governo.

A trajetória vitoriosa de Benito Mussolini incentivou o desejo de Perón de se tornar um ditador em seu próprio país, apoiado também por um partido único como na Itália fascista, e ele lutou para que seu país fosse também dominado por um partido único, um partido “Justicialista”.

Em 1951 Evita adoeceu gravemente, descobriu-se que a sua doença era um câncer uterino e ela veio a falecer em julho de 1952, e a Argentina foi tomada por uma catástrofe, e ao longo de meses e anos o povo argentino continuou pranteando a mulher que havia se tornado uma lenda, principalmente aqueles que foram beneficiados pelos programas de assistência social.

Enquanto Evita lutava contra a doença, Perón foi reeleito presidente para mais um mandato que deveria durar de 1952 a 1958, mas seu segundo governo foi um fracasso. Perón perseguiu a Igreja Católica e a imprensa que o ajudaram a se eleger e se reeleger, nesse segundo mandato. Apesar da ferocidade com que perseguia seus desafetos, individuais ou institucionais, Juan Domingos Perón foi defenestrado do poder presidencial em 1955 e partiu para o exílio, deixando milhões de órfãos de um regime assistencialista que o Tesouro argentino não tinha condições de sustentar. Mas o capital político peronista, vigente por mais de meio século, permanece como uma maldição sobre o destino político da Argentina.

Uma das atrocidades macabras de Perón foi ter feito o cadáver embalsamado de Evita perambular entre Buenos Aires e as cidades de Roma e Milão, na Itália e Madri, enquanto ele residia na capital espanhola, e mais tarde de volta a Buenos Aires. Tal atrocidade foi repetida contra o próprio Perón, pois depois de morto aos 77 anos e sepultado no cemitério de La Chacarita, os peronistas profanaram sua sepultura para lhe decepar as mãos, uma loucura que só o fanatismo mais tresloucado pode cometer.

Perón foi também a principal liderança argentina responsável pelo incentivo à violência, tendo patrocinado a criação do Movimento Peronista Montonero, grupo rebelde nacionalista radical que sequestrou e assassinou o ex-presidente Pedro Aramburu, “julgado e condenado à morte” pelos terroristas em cárcere privado e morto com um tiro na nuca, porque convocou eleições e não permitiu que os comunistas e os peronistas se candidatassem.

 Perón queria ver a violência corroendo o tecido social do país, enquanto preparava o próprio retorno à presidência por meio de um golpe eleitoral: fez o peronista Héctor Cámpora candidatar-se a presidente da República em 1973, e o elegeu com os votos peronistas, e fez o seu candidato renunciar dois meses depois de eleito, mas não antes de obter o direito de retornar à Argentina, e com os direitos políticos também readquiridos.

No período em que Perón esteve exilado na Espanha e proibido de retornar à Argentina, além dos Montoneros, o país viu surgirem outras organizações terroristas, entre elas as Forças Armadas Revolucionárias (FAR), de tendência marxista-peronista; as Forças Armadas de Libertação (FAL); O Exército Nacional Revolucionário (ENR); e o trotskista Exército Revolucionário do Povo (ERP).

De posse de seus direitos políticos, como qualquer outro cidadão, e com a renúncia de Héctor Cámpora, o caminho ficou livre para Juan Domingos Perón se candidatar à presidência da República mais uma vez, em 1973, e ele elegeu-se emplacando María Estela Martínez de Perón como vice-presidente. Esta senhora foi uma descoberta de Perón no Panamá, na caminhada do exílio em direção a Madri, enquanto ela trabalhava como bailarina em um clube noturno da capital panamenha. À época, ele tinha 60 anos e ela, 25. Perón sempre gostou de mulheres mais jovens que ele e até de ninfetas, como Nellida Rivas, de 13 anos de idade, que descobriu após a morte de Evita, e de cujo estupro ele foi acusado e sofreu um processo em 1955.

María Estela Martínez de Perón recebeu o epíteto de Isabelita, e tornou-se presidenta da Argentina após a morte de Juan Domingos Perón, mas foi deposta por um golpe de Estado, em 1976, e substituída por uma junta militar. Isabelita foi acusada pelo desaparecimento de mais de 600 pessoas durante o seu período de governo. Ela teve como conselheiro um astrólogo, José López Rega, apelidado de El Brujo, cuja expressiva atuação junto a Isabelita deu origem ao trocadilho “La plantó Perón y López Rega”!,  um jogo de palavras muito usado pelos argentinos à época.

A junta militar que substituiu Isabelita era formada pelo general Jorge Videla, pelo almirante Emílio Massera e pelo brigadeiro Orlando Agosti. Os militares que sucedem o ciclo político de Juan Domingo Perón, nas tentativas de “desperonizar” a Argentina, a mergulharam nas trevas. Qualquer resistência civil ou terrorista era massacrada pelos militares no poder, que além de torturarem barbaramente aqueles que eram aprisionados em seus quartéis, os atirava de aviões no alto mar, amarrados um ao outro como numa tira de linguiça. Comparada à violência da repressão militar argentina, a repressão militar brasileira pode ser considerada uma ação de amadores, mesmo assim, no Brasil, os militares praticaram muita tortura e muitos crimes.

Jorge Videla ocupou a presidência por cinco anos, e ele foi implacável na perseguição e destruição dos grupos terroristas atuantes no território argentino, mas acabou substituído por outro general, Roberto Viola que, a sua vez, foi substituído pelo general Leopoldo Galtieri, que lançou o país numa guerra pelas Ilhas Malvinas, ocupadas pelos ingleses há mais de um século, e que a chamavam de Falkland. Em três meses a Argentina conheceu o gosto de uma derrota humilhante para os ingleses. Em 15 de junho de 1982 a Argentina se rendeu e dois dias depois o general Galtieri renunciou.

Após a renúncia do general Galtieri, uma junta militar convocou eleições e devolveu o poder presidencial aos civis, confirmando a prática sucessória argentina. Em outubro de 1983 os argentinos elegeram um novo presidente civil, e Raúl Alfonsin, um político filiado à União Cívica Radical (UCR), foi o escolhido, e o clima político mudou, embora a economia continuasse ingovernável e os grupos guerrilheiros continuassem praticando barbaridades.

O governo de Raúl Alfonsin chegou ao fim com uma inflação de 200% ao ano, além de enfrentar três tentativas de golpe militar e outras rebeliões no decorrer dos seis anos em que esteve na presidência.
Para substituir Raúl Alfonsin, os argentinos trouxeram de volta um peronista, Carlos Menem, que, numa tentativa de resolver os problemas da economia argentina, lançou um programa de privatizações que desagradou aos peronistas e à esquerda que o ajudaram a se eleger. Menem conseguiu se reeleger em 1995, mas seu segundo mandato seria um desastre.

Os peronistas perderam as eleições presidenciais em 1999, vencidas por Fernando De la Rúa, da UCR, que cumpriu apenas dois dos seis anos de mandato, e renunciou após ver fracassar seus planos de austeridade e assistir o país mergulhar em novo caos social e econômico.

O drama político argentino é único: após a renúncia de De la Rúa, o país teve quatro presidentes provisórios em duas semanas, até que o Congresso Nacional elegesse Eduardo  Duhalde para completar o mandato do presidente renunciante, que seria concluído em 2003.

Néstor Kirchner é o próximo político a se eleger presidente da República Argentina, para o período de 2003 a 2007. Nas eleições de 2007, Néstor Kirchner consegue eleger sua esposa, senadora Cristina Kirchner, presidente da República com pouco mais de 40% de votos.

Durante um longo espaço de tempo, o marido por um mandato e a esposa por mais dois, os argentinos foram governados pela família Kirchner que, revelam inúmeros textos acadêmicos e jornalísticos argentinos, com o marido e a esposa sobraçando as rédeas do poder Executivo como se estivessem administrando uma empresa de sua propriedade particular, graças ao populismo peronista que encanta e domina o eleitorado argentino.

Morto o marido Néstor Kirchner, após uma crise cardíaca, em 2010, o povo argentino elegeu a esposa, Cristina Kirchner, presidenta do país, pela segunda vez. E esta senhora, antes eleita senadora por muitos anos, deu continuidade ao projeto político populista do esposo, terminando, como não poderia deixar de ser, enredada em acusações e processos de assaltos aos cofres públicos, e até do assassinato de um promotor público que reuniu provas sobre seus delitos, que a impediram de se candidatar, mais uma vez, à presidência da República Argentina.

Mas, mesmo enfrentando dissensões dentro do partido peronista, Cristina Kirchner conseguiu fazer parte como candidata à vice-presidência e eleger-se na chapa presidida por Alberto Fernández, seu inimigo peronista, que, por sua vez, só a aceitou para poder receber os votos cativos que pertencem à família Kirchner, e assim derrotar ao candidato Mauricio Macri, ocupante da cadeira presidencial. E assim os peronistas retornaram ao poder nessas eleições de 2019, deixando no ar a expectativa de possíveis enfrentamentos entre a facção “justicialista” de Cristina Kirchner e aquela liderada pelo presidente eleito, Alberto Fernández.

Enfim, espero que este breve resumo da história política argentina nos últimos cento e quarenta anos, mostre como é difícil articular qualquer tipo de aliança econômica com este país “hermano”, tendo em vista que os próprios argentinos encontram muita dificuldade para construir o próprio caminho político sustentável e de longo prazo que dê ao país o equilíbrio e a estabilidade necessários para gerar a credibilidade exigida por tratados político-econômicos regionais de longa duração.

Juan Domingos Perón e Getúlio Vargas tentaram concretizar um projeto de integração regional, depois Juscelino Kubitscheck sonhou com essa possibilidade e, finalmente, José Sarney e Raul Alfonsin conseguiram convencer o Uruguai e o Paraguai a participarem da empreitada, e, em 26 de março de 1991, foi assinado o Tratado de Assunção que deu início ao processo de constituição de um mercado comum na região do Cone Sul latino-americano.

No decorrer de uma década e meia, intensas trocas comerciais entre os parceiros resultaram em um incremento de alguns bilhões de dólares que alimentaram as economias dos países integrantes do Mercosul, com vantagens crescentes para o Brasil e a Argentina e queixas do Paraguai e Uruguai apontando as desvantagens acumuladas, principalmente em decorrência das escalas de produção de suas indústrias e do tamanho de seus mercados internos.

Apesar dos desencontros no Mercosul, vantagens comparativas foram estabelecidas e compensações foram criadas e usufruídas pelos parceiros menores, ainda que não se tenha logrado integrar cadeias produtivas das economias dos países parceiros, sequer entre os dois parceiros mais ricos, como inicialmente previsto, o que possibilitaria, por exemplo, vantajosos acordos comerciais com outros blocos comerciais mundo afora.

Dividido entre dois senhores, o econômico e o político, o projeto do Mercosul sucumbiu torpedeado pelo tiro de misericórdia da insanidade bolivariana do venezuelano Hugo Chávez, que, ao invés de dedicar-se ao projeto maior do desenvolvimento regional integrado, apoiou e incentivou os projetos de poder político liderados pelos líderes que se diziam de esquerda na Argentina, no Brasil, na Bolívia, e no Equador, vencedores dos pleitos eleitorais naqueles países, acreditando que se tornaria o líder de todos eles. Hugo Chávez chegou a comprar cerca de nove bilhões de dólares em títulos da Argentina, para ajudar a suprir a falta de crédito dos Kirchner no mercado externo, além de apoiar a eleição de Cristina transferindo, sem o devido registro obrigatório, alguns milhares de dólares norte-americanos, o que foi descoberto por acaso pela aduana argentina.

Na Nicarágua se divulga, no boca-a-boca, a estória do passarinho do doce encanto: uma ave de bela plumagem e cores deslumbrantes que voa sobre as cabeças dos cidadãos, incitando-os a capturá-lo, mas, se alguém o agarra, transforma-se e deixa-lhes nas mãos apenas um montão de excremento.

 A lenda nicaraguense do doce pássaro do encanto serve para ilustrar o que aconteceu com o projeto de desenvolvimento integrado do Mercosul, pois justamente no momento em que mais se necessitava da união de todos os projetos nacionais dos parceiros para integrar suas economias e negociar em conjunto com as demais regiões já globalizadas, embarcou-se na proposta chavista de enfrentamento do capitalismo, projeto bolivariano que transformou-se em um montão de excremento nas mãos dos dirigentes sul-americanos que sonharam em edificá-lo.

Desse monte de excrementos que sujam as mãos dos chamados governantes de esquerda, destaca-se o verme da corrupção que se ceva nas empresas do Estado e aflora com tanta intensidade e voracidade que não mais pode ser escondido do cidadão comum, que conduziu pela mão do sufrágio universal os dirigentes de esquerda ao poder em tantos países sul-americanos.

Finalizamos este texto, que tem como tema principal o Mercosul, concluindo que se os argentinos continuarem divididos em suas decisões políticas internas, agora acrescidas da defesa do fracassado sonho bolivariano do falecido Hugo Chávez, e continuarem tentando se intrometer na política interna brasileira, aos gritos de “Lula livre!”, nunca passaremos de apenas trocas comerciais entre o Brasil e a Argentina, o que não necessita da formação de um grande e respeitado bloco comercial internacional para acontecer.

No impasse político em que se encontra, o Mercosul jamais se viabilizará, nem no contexto sul-americano e nem tampouco no cenário internacional globalizado, porque se mostra frágil em decorrência do desgastante embate entre duas visões de mundo que se dizem contrapostas, uma de direita e a outra de esquerda, cujos representantes, em especial na Argentina, uma vez assumindo o poder presidencial, procuram desfazer quaisquer decisões de políticas públicas que tenham sido tomadas e implementadas pelo adversário destituído, ainda que eleito em pleitos livres e democráticos, não demonstrando qualquer apreço pelo destino econômico do país nem tampouco o da região. 

Ao Brasil restará tentar fazer sobreviver apenas trocas comerciais com a Argentina, nosso terceiro parceiro no mundo globalizado, depois dos Estados Unidos e da China, porque dificilmente conseguiremos negociar o adequado funcionamento do bloco econômico do Mercosul, pelo menos enquanto os líderes argentinos no poder continuarem a defender a liberdade de um líder político brasileiro já condenado pela justiça brasileira - a quase trinta anos de cadeia, em decorrência de delitos cometidos e comprovadamente apurados.

Os políticos latino-americanos não admitem ser obrigados a pagar pelos crimes que venham a cometer enquanto estiverem no exercício de cargos e funções públicas, em um total desrespeito para com os demais cidadãos, a despeito de conhecerem o exemplo do Peru, que julgou e condenou seu ex-presidente Alberto Fujimori a mais de trinta anos de cadeia. Muitos outros países, com destaque para a Coréia do Sul, condenaram e continuam condenando presidentes e ex-presidentes da República à cadeia pelos crimes que cometeram ou venham a cometer no exercício de suas funções ou cargos, pois todo cidadão, independente do cargo que ocupem na sociedade ou da riqueza que amealhem, estão sujeitos às penas da lei e a pagarem pelos delitos cometidos.

domingo, 8 de dezembro de 2019

A imprensa brasileira obedece a qual comando: à direita ou à esquerda volver?



Nós, brasileiros, quanto mais lemos os artigos, as colunas ou as reportagens em jornais diários e nas revistas semanais de notícias, tanto mais nos confundimos, pois nunca sabemos de qual lado do espectro binário da política estão os profissionais brasileiros da imprensa, e isso tanto nos textos escritos quanto nas falas transmitidas pela televisão ou pelo rádio.

É bom deixar bem claro que os jornalistas, pelo menos no Brasil, desfrutam da mais ampla liberdade para pensar e escrever e falar sobre o tema que mais lhes possa interessar.   

Por exemplo, em uma das principais revistas semanais, a Isto É, podemos ler uma reportagem sobre a recente defenestração de Evo Morales, indígena aimará boliviano que se encantou com o exercício da Presidência da República da Bolívia, no poder já por três mandatos, desde 2005, e tudo indica dela não pretendia arredar o pé.

A revista Isto É, de 20 de novembro de 2019, divulga que “Não fosse o apego doentio de Morales ao poder, ele poderia ter entrado para a história como o primeiro presidente a conseguir o inimaginável: dar à Bolívia a estabilidade econômica com crescimento de 5% ao ano”. E logo conclui: “O desejo de perpetuação no poder acomete demais governantes latino-americanos, Brasil incluído”. E, em seguida, completa: “Vale recordar, por exemplo, que Jair Bolsonaro atravessou a campanha falando em não se candidatar à reeleição. Pisou o Planalto e deixou claro que palavras de palanque são feito vento: ele quer ser reeleito. Até as pedras do Planalto sabem que, por sua vontade, se manteria no poder”.

Pela legislação vigente, Jair Messias Bolsonaro, o presidente eleito por maioria de votos populares para o período compreendido entre 2019 e 2022, tem todo o direito de se candidatar a uma reeleição, e não mais do que a mais uma reeleição. O que explicaria a contrariedade da revista Isto É com esse direito do presidente eleito de tentar se reeleger?

Já a revista Veja, em seu número de 20 de novembro de 2019, no texto de sua última página, um dos seus principais articulistas afirma que: “A crise na Bolívia representa um lamentável retrocesso, não só para esse país, mas para o conjunto da América Latina”. E mais adiante conclui: “No máximo de boa vontade, a ação dos generais da Bolívia pode ser chamada de contragolpe”.

A conclusão do excelente articulista, reproduzida na última linha do parágrafo anterior, nega toda a sua explicação de que o líder aimará boliviano tentou por três vezes, antes de sua destituição, manter-se no poder e para tanto cometeu três falcatruas.

A primeira fraude de Evo Morales aconteceu em 2016, ao desrespeitar o resultado da consulta popular que rejeitara a possibilidade de ele disputar um quarto mandato, e Morales sacou a desmoralizante desculpa de que, ao barrar a sua candidatura se desrespeitava o direito, assegurado a todos os cidadãos, de votar e ser votado; ainda nessa época, Morales cometeu a segunda fraude, ao manipular o Poder Judiciário para contar com a decisão subserviente de juízes por ele nomeados, que atenderiam prontamente a seus anseios de continuar exercendo o poder em seu país, mesmo que ilegalmente. 

Por último, num terceiro abuso, cometeu a terceira falcatrua, a mais infame, criando um apagão da rede elétrica quando as urnas apontavam um segundo turno eleitoral, o que levou à contagem manual dos votos. Quando a luz voltou, a contagem dos votos já apontava a vitória de Evo Morales com folga suficiente para não haver a necessidade de um segundo turno.

A última fraude cometida por Evo Morales levou a uma reação popular pedindo uma auditoria da OEA que observava e fiscalizava o processo eleitoral boliviano. No domingo pela manhã, os representantes da OEA declararam haver indícios de fraude e recomendaram a realização de outra eleição. E tudo isso foi prontamente relatado pelo admirado jornalista da revista Veja.

Por fim, a revista Veja declarou: “A instabilidade das instituições, seu desrespeito por setores da sociedade e sua manipulação pelos detentores do poder – esse é o ponto central, que faz da América Latina uma região subdesenvolvida e folclórica”. E antes dessa afirmação a revista Veja afirmou: “A destituição de Evo Morales reaviva os clichês que tornam a América Latina tão típica. Um deles é discutir, depois do golpe, se o golpe foi golpe”. E aproveitando-se dessa constatação, completou, no mesmo texto: “Temos então três golpes de Morales contra um dos generais”.

Para o profissional da revista Veja, na manifestação dos generais para explicar a destituição de Evo Morales, eles afirmaram, “num toque de delicadeza”, que apenas “sugeriram” que o líder boliviano renunciasse ao mandato presidencial cujo período de vigência se encerraria dentro de pouco tempo.

Ora, minha gente atenta aos fatos políticos, não só por estas bandas - mas no mundo inteiro, o jornalismo brasileiro esqueceu que a Coréia do Sul tem quatro presidentes cumprindo sentenças condenatórias por crimes cometidos no exercício dos mandatos, e até uma presidente, fechando uma lista de cinco presidentes encarcerados por delitos perpetrados na vigência dos respectivos mandatos. E no caso da presidente, vale destacar, ela sofreu a pena ainda no exercício do mandato presidencial. Aliás, vale assinalar que a presidente sul-coreana foi condenada inicialmente a 24 anos de cadeia, e logo depois, a mais oito, perfazendo um total de 32 anos de cana, sem direito a cana na cela.

Este acontecimento sul-coreano, de condenar cinco presidentes da República à cadeia por delitos cometidos no exercício de seus respectivos mandatos, não serve de exemplo nem merece nenhum tipo de referência nas reportagens das revistas brasileiras que abordam a destituição de Evo Morales, o primeiro indígena a ser eleito por três vezes presidente boliviano, e que desejava, mesmo contrariando a legislação do país, ficar por mais tempo no exercício do poder.

Como será que os profissionais que escrevem reportagens para as revistas Veja e Isto É considerariam a Coréia do Sul, à semelhança do que dizem da Bolívia e do Brasil? Como um país também inserido numa “região subdesenvolvida e folclórica”, graças ao número de ex-presidentes da República cumprindo penas de reclusão pelos crimes políticos cometidos? Ou levariam em consideração á síndrome do cansaço democrático, que toma conta de todos os países considerados democráticos pelo mundo inteirinho, e criariam uma expressão mais apropriada para descrever o caso coreano? E a Coréia do Norte, uma feroz ditadura comunista, por acaso também não ajudaria a configurar aquela região do planeta como “subdesenvolvida e folclórica”?

No Peru, um país do outro lado da fronteira brasileira, o ex-presidente Alberto Fujimori foi condenado a muitos anos de cadeia em decorrência de crimes cometidos no decorrer do exercício de mandatos presidenciais, e continua mofando na cadeia, com saídas permitidas para tratamento de saúde em hospitais do país, devidamente acompanhado e vigiado por escoltas policiais. Mas nenhum comentário foi feito sobre a detenção de Alberto Fujimori no Peru, nas reportagens das revistas brasileiras. Nem tampouco sobre a rejeição do povo peruano à candidatura da filha de Alberto Fujimori à presidência do país.

Ao povo resta o direito de se recusar a aceitar políticos que quebram a dentadura, mas não querem largar a rapadura do poder. E aos militares, cumprirem o que manda a constituição do seu país, em apoio aos anseios do populacho.

Parece que a ideologia atrapalha e cega os nossos jornalistas, e assim os fatos singulares, como este caso boliviano, um acontecimento que determina a história, algo considerado improvável de acontecer por sua radicalidade, por se constituir numa inversão de forças, ainda que provocado voluntariamente pelo presidente destituído, levando à sua queda de um poder já em processo de conclusão legal, exercido durante quatorze anos, de 2005 a 2019, sem que fosse molestado pelos militares, é tratado de modo parcial pelos nossos jornalistas, em duas revistas de tanta importância como a Veja e a Isto É.

Nossa imprensa está dominada pelo pensamento único de uma visão de mundo que só aceita o poder exercido pelos mesmos indivíduos, a maioria da nossa imprensa se recusa a aceitar que os últimos governantes brasileiros que estiveram no poder - como Evo Morales também por quatorze longos anos - cometeram crimes contra organizações de governo, assaltando as finanças dessas instituições sem dó nem piedade, e, por isso, perderam a confiança da sociedade e não merecem mais retornar ao poder.

Os nossos jornalistas, com algumas exceções, não aceitam a decisão popular exercida pelo voto que escolheu alijar do poder aqueles que nele permaneceram por quase quatro mandatos presidenciais, e, como no caso boliviano, não aceitam a destituição por impedimento de uma presidenta que manipulou finanças públicas como não devia e nem podia, mas que, apesar de destituída do poder, continuou com seus direitos políticos assegurados e em liberdade para utilizá-los, por decisão arranjada por um juiz do Supremo Tribunal Federal.

Nessa hora, a imprensa brasileira calou-se, e muito pouco falou sobre tamanha excentricidade, se comparamos este desfecho do caso Dilma ao desfecho do mesmo fato do impedimento e cassação dos direitos políticos de Fernando Collor de Melo por oito anos, em 1992.

A propósito do impedimento da presidenta brasileira, que não pode mais continuar exercendo a presidência da República, mas continuou gozando dos seus direitos políticos - ao contrário de Fernando Collor de Melo em 1992, que os teve cassados como manda a Constituição vigente - em 2018 ela candidatou-se ao cargo de senadora por Minas Gerais, seu estado natal, e não conseguiu se eleger!

Como é da tradição política popular, o cansaço - quem sabe mais um elemento a ser considerado dentre aqueles que podem ser incluídos como variável do mecanismo de accountability, o povo mineiro mostrou-se cansado de Dilma Rousseff, não teve mais paciência para suportar seus discursos empolados e indecifráveis nem seu desempenho administrativo. E quando o povo se cansa de um político, as urnas são implacáveis nas eleições que se seguem, e o eleitorado nunca os perdoa pelos erros cometidos, sejam eles quais forem.

Preciso de um parêntese, para lembrar que a nossa imprensa não aceita o excepcional acontecimento eleitoral que levou ao poder presidencial uma gente que pensa diferente dos seus antecessores, e continuar lembrando o caso recente de Evo Morales.

O acontecimento boliviano significou uma descontinuidade, uma transformação na qual os generais cumpriram a parte que lhes tocava conforme ditam as constituições de hoje, submetendo-se ao interesse de uma população que, na sociedade do desempenho, já estava cansada do “sempre mais do mesmo” que lhe era oferecido por Evo Morales após três mandatos presidenciais. A população boliviana queria mudanças que lhe fossem oferecidas por outro presidente que não fosse o mesmo que já conheciam de longa data.

Os bolivianos cansaram de tanto Evo Morales, como os brasileiros cansaram de tanto Luís Inácio Lula da Silva. Assim como os peruanos cansaram de tanto Alberto Fujimori. E assim é a democracia, os cidadãos cansam de seus eternos líderes. O povo inglês cansou do grande líder Winston Churchill, e não o reelegeu para o parlamento inglês após o fim da Segunda Grande Guerra Mundial, para cujo final ele tanto contribuíra de forma inegável e decisiva, uma atitude política perfeitamente reconhecida pelo mundo inteiro. Mas o povo inglês cansou de tanto Churchill.

A imprensa nacional, em sua grande maioria, enfatiza e interpreta qualquer declaração dos generais brasileiros como geradora de instabilidade política, mas ignora aquelas declarações dos líderes que se dizem de esquerda em nosso país, açulando o povo para uma revolução, por exemplo, quando assim se expressam: “A gente tem que seguir o exemplo do povo do Chile e atacar (Luís Inácio Lula da Silva, ex-presidente da República, condenado em Segunda Instância a cerca de doze anos de cadeia, mas livre para falar o que lhe vier à cabeça); “Não há revolução sem sangue (Benedita da Silva, parlamentar petista)”; “Tem que fechar o STF (Wadih Damous, advogado e parlamentar petista)”; “Vamos fazer uma guerra civil (líder da CUT)”; “Vamos incendiar o país (líder do MST)”; “Vamos tomar o poder, o que é diferente de ganhar eleição (José Dirceu, um dos principais líderes petistas, ex-chefe da Casa Civil do governo Lula, em liberdade, embora condenado à prisão)”; “Estamos torcendo para que o Brasil vire um Chile (Juliano Medeiros, presidente do PSOL)”; “A hora do Brasil vai chegar (Humberto Costa, senador pelo PT)”; “O povo quer violência revolucionária, o povo quer luta, está sedento de passar a faca em todos os seus inimigos (representante da Liga dos Camponeses Pobres na Uerj)”; “Quem tentar conciliar este país vai ser atravessado com um trator nas costas (sic) (Vladimir Safatle)”; “Com a direita e o conservadorismo , nenhum diálogo. Luta! (Mauro Iasi); “Isso implica ir para as ruas entrincheirados,  de armas na mão (sic) (Wagner Freitas)”. 

Nenhuma dessas ameaças de intolerância política, que claramente instigam a violência contra a liberdade em nosso país - cuja ausência atingirá com certeza a liberdade de jornalistas expressarem o que pensam, mereceu qualquer comentário da nossa imprensa, mesmo que com “toques de delicadeza”, como talvez dissesse o nobre articulista da Veja.

Mais uma contradição bem brasileira da nossa imprensa: enquanto os generais arreganham os dentes alardeando que têm 300 mil homens em armas e têm a missão de garantir os princípios constitucionais - e a imprensa alardeia o fato, o principal líder de esquerda, condenado a doze anos de cadeia numa primeira sentença transitada em julgado, e já preso, enquanto recebia uma segunda condenação em sentença transitada em Segunda Instância que lhe aplicou mais dezessete anos de prisão por mais crimes de corrupção, ganhou um livramento temporário da primeira condenação, autorizado pelo Supremo Tribunal Federal, e foi para as ruas convocar o povo para uma revolução que nos levará, com certeza, a uma ditadura sob o talante de dirigentes de esquerda - mas a imprensa pouca importância para este fato.

Uma imprensa livre dirá que ambos os fatos acima descritos apontam para conflitos característicos de uma democracia. E temos que tentar por a cabeça no travesseiro ao som de tanto barulho, e tentar adormecer.

Enfim, a imprensa brasileira bota a boca no trombone para denunciar declarações inoportunas de generais aposentados ou ainda em serviço, mas se cala, inexplicavelmente, quando se trata de declarações instigadoras de pretensões revolucionárias que podem levar o país a uma dominação pela esquerda autoritária, incompetente,  desonesta e barulhenta, como ficou provado em quatorze anos nos quais exerceu a Presidência da República, e que, para piorar o seu perfil partidário, não admite a democrática alternância no poder.

 Aqui, entre nós, no meu Brasil brasileiro são notícias desse teor que, no meu entender, se contradizem - mas não se anulam - e nos deixam desorientados procurando entender se a imprensa se volve à esquerda ou se ela se perfila à direita. Na parte que me toca, acredito que no nosso meio jornalístico se aninha o ovo da serpente do autoritarismo de esquerda. No entanto, cabe a vocês que me escutam decidir-se pela melhor resposta a tão colorido imbróglio em verde-e-amarelo.

sábado, 30 de novembro de 2019

A Síndrome do Cansaço Democrático ou Eu me “inganeis, tu te “inganeistes”, nós nos “inganeisamos”


Atravessamos uma difícil e “inganeísta” fase na política brasileira, e não poderia ser diferente na política local no Distrito Federal. Como no futebol, só podemos desabafar, afirmando: “é a fase!”. Com uma gostosa ressalva quanto ao desempenho do Clube de Regatas do Flamengo, porque teríamos “um desgosto profundo, se não existisse o Flamengo no mundo”! 

Porém, em Brasília, tivemos a sorte de poder criar o verbo modal “inganeis” para melhor desabafarmos toda a nossa frustração com os políticos que elegemos para defenderem os verdadeiros interesses da população e da sociedade brasiliense. Que sorte! O nome do governador nos permite um “trocadalho do carilho”!

No período pré-eleitoral o moço beijava e abraçava o homem do povo numa voracidade que dava gosto de se ver: quanta emoção, quanta lágrima, quanto abraço carinhoso, quanta delícia afetuosa, quantas promessas, quantas declarações de amor ao povo!

Sucedendo tamanho e despojado despejamento corporal, acima devidamente adjetivado, após a sua eleição, o que adquirimos foi uma imensa decepção com tanta demonstração de incapacidade administrativa, com tanto cinismo político, com tanta falta de compreensão sobre as permanentes e graves questões de planejamento que afligem o povo brasiliense, com tanto desconhecimento do que fazer com os sistemas públicos de saúde e de educação locais, como aperfeiçoar o sistema de transporte público do Distrito Federal, como melhorar o sistema de sinalização das vias urbanas de Brasília, sem falar na questão maior do desemprego. 

De repente, em pouco menos da metade de um período de governo, uma presença que se fazia constante no período eleitoral se torna ausente, com o povo que foi tão beijado e abraçado dela necessitando para cobrar-lhe o que foi tão prometido: apenas uma boa administração. 

Tempos políticos difíceis, dominados pelo que se pode nominar de Síndrome do Cansaço Democrático, que, por sua vez, aponta quatro características que se interligam e se reforçam em processos contínuos: a) a falta de políticos profissionais; b) a falta de uma tecnocracia eficiente; c) a falta de uma democracia representativa e ampliada, e d) a falta de um sistema eleitoral mais democrático e representativo. 

Quanto ao primeiro dos itens acima relacionados, podemos afirmar que, graças ao telefone celular e às redes sociais, o povo brasileiro alcançou o nível crítico mais elevado que se podia desejar, pois, como nunca aconteceu em tempos passados, hoje o eleitorado de todas as classes sociais entende que os políticos são, em sua maioria, indivíduos carreiristas, uma gente engolidora de dinheiros públicos, indivíduos que estão fora de contato com o cidadão comum, um pessoal cuja presença ao nosso redor não se faz sentir porque raramente se voltam para a busca de soluções para as graves questões sociais que nos afligem. 

E o pior é que os chamados políticos populistas exploram a existência dos políticos aventureiros para diagnosticar a crise da democracia como uma crise de pessoal, jogando a culpa pelas más administrações no desempenho dos governantes e parlamentares, apontando-os como uma elite que elabora as leis como uma casta divorciada das necessidades e aflições dos cidadãos. 

Pela vertente dos políticos de direita, na Europa esse discurso é verbalizado por Silvio Berlusconi, na Itália, e nos Estados Unidos, por Donald Trump; ainda na Itália, pela esquerda, Beppe Grillo é quem abre a boca com essa fala, e entre nós, é o PT e seus líderes que fazem a festa acusando os demais políticos de se desviarem das necessidades do povo. 

De acordo com os populistas, a solução para a Síndrome do Cansaço Democrático estará na eleição dos políticos dos partidos populistas, pois se descrevem como os mais legítimos representantes do povo desprotegido, alegando sempre que, ao contrário dos colegas de direita eles, da esquerda política, estão mais próximos do homem e da mulher das ruas, que eles sabem o que pensa o cidadão comum e quais são as suas necessidades, e, finalmente, que eles são os únicos políticos que estão sempre ao lado do povo. 

Assim raciocinando, os políticos de esquerda querem se alojar no poder e dali não mais se retirar, impedindo que os políticos de direita se tornem os dirigentes da sociedade, ainda que em um esperado e natural ciclo de renovação em eleições democráticas. 

No entanto, os políticos da esquerda cometem os mesmos erros daqueles da direita: ambas as vertentes políticas alijam sempre o povo do processo decisório de governo. 

E o mais grave é que os populistas da esquerda se utilizam do expediente de criar mecanismos de distribuição de riqueza sob o formato de “bolsas” de ajuda aos cidadãos mais desprotegidos, alardeando sem parar este tipo de política pública como de sua exclusividade, o que não corresponde à verdade, enquanto assaltam os cofres das instituições e organizações estatais e transferem para suas contas bancárias pessoais milhões em dólares, como fizeram os governos petistas - associados a empresários, burocratas públicos e tesoureiros de seus partidos políticos, durante quatorze longos anos de administrações incompetentes. 

Quanto à eficiência tecnocrática, os políticos não têm sabido utilizá-la como um sistema de especialistas encarregados de cuidar dos interesses públicos, uma categoria profissional cujo conhecimento técnico poderá guiar o país por águas turbulentas. Nas mãos dos tecnocratas a política se torna uma questão de engenharia cívica, apenas um problema administrativo. 

Tanto os políticos de direita quanto aqueles de esquerda, quando chegam ao poder, se valem dos tecnocratas para administrar em especial o setor das finanças públicas. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso conseguiu sucesso político criando uma moeda forte e respeitada e cuidando das finanças do Estado; Luís Inácio Lula da Silva também tentou cuidar dos recursos financeiros estatais, mas deixou que seus auxiliares assaltassem os cofres de organizações complexas como a Petrobrás; Dilma Rousseff, porém, foi muito infeliz nessa área, e além de levar o país a desequilíbrios financeiros que levaram ao seu impedimento como presidenta da República - como gostava de ser chamada, permitiu que continuassem os assaltos aos cofres públicos da nação. Lula e Dilma tentaram fazer um médico e quadro político petista se transformar em um tecnocrata das finanças públicas, nomeando-o Ministro da Fazenda, e terminaram por dar com o burro n’água: Antônio Palocci, apelidado de Italianinho pelo Departamento de Operações Estruturadas da empresa Odebrecht, está preso, aguardando que a justiça aceite os termos de uma delação premiada por ele encaminhada, em que denuncia os antigos chefes por muitos atos desonestos. 

Os tecnocratas acreditam que podem aliviar a Síndrome do Cansaço Democrático dando prioridade à eficiência em detrimento da legitimidade política, na esperança de que apenas bons resultados eventualmente ganharão a aprovação dos governados. Num primeiro momento isto pode até acontecer, mas a política é muito mais do que simplesmente alcançar resultados econômicos eficientes. 

Os tecnocratas, assim como também os políticos, esquecem que, muito além das finanças públicas em ordem, os cidadãos cobram outros resultados em setores como o dos transportes públicos, o da saúde pública, o da segurança e o da educação. 

E onde podem os cidadãos cobrar resultados de melhor qualidade nos setores acima apontados? Ora, ora, caros senhores políticos e tecnocratas, no parlamento, ou seja, no Poder Legislativo! 

E chegamos ao terceiro item da nossa lista de características da Síndrome do Cansaço Democrático: a falta de uma democracia representativa e ampliada. 

Não temos políticos profissionais no Brasil, basta observarmos o desempenho do Congresso Nacional descobriremos os aventureiros e aproveitadores que vão se reelegendo e passam a viver da política, o que é diferente de viver para a política. 

Aproveitando os argumentos apresentados no desdobramento dos dois primeiros itens da nossa Síndrome do Cansaço Democrático, identificamos alguns dos erros do atual governador do Distrito Federal, cometidos antes de completar a metade do seu mandato de quatro anos: um deles foi acreditar que basta saber ganhar muito dinheiro que isto já revela uma alta capacidade para comandar e administrar politicamente uma unidade da federação; e outro engano é acreditar que comandar e administrar consiste apenas em dar ordens e dispor do poder para nomear e demitir quando bem lhe aprouver. 

Por exemplo, nomeando diretores de unidades hospitalares num mês e demitindo-os no mês seguinte. Tal fato só denuncia a incapacidade do mandatário em compreender toda a problemática da área gerencial da saúde pública no Distrito Federal: compreender que nos falta oferecer o planejamento e o treinamento adequados aos administradores hospitalares. 

Nesse sentido da formação de recursos humanos, é de fundamental importância conhecer os diversos modelos administrativos na área da saúde pública, no Brasil e no exterior. E é possível formar e treinar bons administradores para a área da saúde pública apenas aproveitando a experiência do Hospital das Clínicas do Estado de São Paulo. 

E saber auferir e acumular milhões de reais ou de dólares, graças á própria experiência profissional, não qualifica ninguém como bom administrador público ou privado. 

E o eleitorado sabe disso, e está aprendendo rapidamente a identificar os políticos incompetentes, e é apenas uma questão de tempo para alijá-los da arena política, graças ao celular e às redes sociais. 

Voltemos ao terceiro item da nossa listinha de características da Síndrome do Cansaço Democrático. 

O modelo de democracia que vivenciamos é velho de trezentos anos, e foi copiado em parte do exemplo grego dos tempos de Demostenes, Sólon e outras figuras que governaram por aquelas bandas, há mais de dois mil e quinhentos anos, com sucesso. 

Na Inglaterra do século XVII, os monarcas ingleses autorizavam o seu tesoureiro a comprar votos em um parlamento que dava os primeiros passos. E assim foi feito, na velha Albion, durante muito tempo. 

Aqui, entre nós, temos um parlamento viciado em muitas mazelas, talvez a principal delas seja a morosidade com que nossos representantes políticos tratam toda e qualquer questão que esteja sob o seu estudo, análise ou debate, pois tanto a Câmara dos Deputados quanto o Senado Federal parecem dispor de todo o tempo do mundo para encaminhar qualquer assunto de interesse da sociedade brasileira. Mesmo em tempos tão incandescentes e sem paciência como o que nós vivenciamos nossas casas parlamentares nunca têm pressa. 

Como é possível não querer ver resolvida, no mais curto espaço de tempo, a crucial questão das discussões sobre a validade da prisão em Segunda Instância, em um país com o nível de corrupção vigente e institucionalizada pelos partidos políticos e seus dirigentes? 

Talvez mudanças no sistema decisório de nossa democracia, possibilitando-se a participação direta do eleitorado nas discussões e votações no Congresso Nacional, até por plebiscitos e referendos, quando for o caso, possam ajudar a acelerar resultados tão necessários e esperados pela cidadania. Ou isso, ou permaneceremos ao talante de uma elite que se elege para defender os próprios interesses e as demandas das classes sociais e segmentos mais favorecidos do país. 

Vamos, por fim, ao último item da nossa Síndrome do Cansaço Democrático: a falta de um sistema eleitoral mais democrático e representativo. 

Para começar, nossa pesquisa revela que nos dois séculos de democracia eleitoral na Grécia de dois mil e quatrocentos passados, havia também a eleição por sorteio, quem sabe possamos validar esse tipo de eleição para determinados cargos públicos? Não custa nada experimentar, já que certos candidatos eleitos pelo voto universal se comportam como se tivessem sido contemplados num sorteio lotérico. Mas é relevante destacar que os ocupantes de cargos por sorteio, na Grécia antiga, permaneciam exercendo funções por um curto espaço de tempo, e não podiam se candidatar por mais de uma vez! 

Um homem, um voto, esta é a regra básica universal para elegermos os nossos representantes para o Congresso Nacional. 

Tudo muito correto e muito democrático, não fossem as lacunas imperdoáveis de um sistema eleitoral que diz e se quer honesto. Mas o que está faltando de tão essencial a um sistema eleitoral que, por ser eletrônico, apresenta resultados da contagem de milhões de votos em questão de minutos? 

Ora, ora minha brava gente brasileira, falta a este sistema eleitoral eletrônico oferecer um recibo, ou melhor, a comprovação registrada dos nomes dos candidatos em quem os eleitores votaram! O que também pode ser feito, só que em segundos, e na própria cabine eleitoral tão logo o cidadão aperta a tecla que sinaliza o fim do processo de votação! 

Vejam bem, senhores ouvintes, com o recibo de votação nas mãos, nele indicados os nomes dos candidatos e os cargos para os quais se candidataram, fecha-se o circuito completo do voto honesto e democrático depositado nas urnas eletrônicas! E ai, sim, estaremos no melhor dos mundos, porque o eleitor poderá fiscalizar e cobrar o desempenho prometido pelo candidato que escolheu! 

Leonel Brizola, político gaúcho que já se foi, foi talvez a primeira vítima de uma tentativa de fraude eletrônica em nosso país, quando disputou o governo do Estado do Rio de Janeiro no ano da graça de 1982, contra Miro Teixeira. E foi Miro Teixeira, o adversário de Leonel Brizola, quem confirmou a possibilidade dessa primeira fraude eletrônica, que ganhou o nome de “diferencial delta”. 

Descoberta a fraude, Brizola tornou-se um defensor ferrenho do recibo de votação eleitoral, um mecanismo sempre proposto, mas nunca aceito pelas elites políticas do nosso bravo Brasil. 

Por que será que as nossas inteligentes e modernosas elites políticas não querem aceitar o fornecimento do recibo eletrônico de votação em nossas eleições? Será por medo de fraudes eletrônicas na contagem final dos votos? Mas como tornar tal façanha possível se os votos podem ser recontados de imediato, pois os eleitores dispõem dos recibos com os nomes dos candidatos em quem votaram, bastando apresentá-los para que se proceda à sua recontagem, mesmo manual? 

Dentre os argumentos contrários ao recibo eleitoral, destaca-se aquele que afirma que os eleitores que vendem seu voto terão como melhor cobrar pelo negócio, bastando apresentá-lo aos candidatos votados. 

Ora, ora, minha brava gente brasileira, é preferível lidar com este novo tipo de ação desonesta, por parte de alguns eleitores, do que permitir que ela continue existindo mesmo sem o recibo eletrônico, e os aventureiros políticos continuem tendo facilitado o processo que incentiva a procura pela compra de votos sem recibo! 

Por outro lado, a existência do recibo eleitoral eletrônico fará com que aquela gente incompetente que apenas ambiciona o poder, pense duas vezes antes de se aventurar numa tentativa de ocupar cargos nos poderes Executivo e Legislativo, pois saberão que terão o seu desempenho fortemente fiscalizado e cobrado pelo seu eleitorado. 

Para finalizar nossa argumentação favorável à adoção do recibo eleitoral eletrônico em nosso país, lembramos que, com sua existência, abre-se a possibilidade da revogação do voto dado pelo eleitor a determinados candidatos! 

Com certeza este é o grande medo que assombra as elites políticas brasileiras e estrangeiras, e gera uma feroz resistência quando se fala em criar o recibo eleitoral eletrônico, lá fora ou em nosso país: o surgimento do direito de revogação do voto, este, sim, uma verdadeira ampliação da participação democrática direta do populacho. 

E, senhores eleitores brasileiros, pasmem, tivemos o direito de revogação do voto no Brasil, no início do sistema de governo presidencialista, em 1891, quando ainda se votava a bico-de-pena e se tinha a obrigação de provar uma renda anual de duzentos mil réis, se bem que esse mecanismo só fosse adotado em três unidades da federação: em Goiás, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. 

E então, vamos continuar nos “inganeisando”, ou melhor, aguentando as patacoadas do “inganeis”, ou vamos lutar para aperfeiçoar a nossa política e o nosso sistema eleitoral eletrônico? 

A Síndrome do Cansaço Democrático vem se alastrando por todos os países que adotam o sistema eleitoral clássico, alcançando Europa, França e Bahia, e referido sistema garante a validade de um voto por indivíduo, mas não garante o desempenho dos representantes eleitos legal e legitimamente que, todos sabemos, não vem correspondendo às expectativas e aos anseios dos seus eleitores. 

O cansaço democrático aponta para a necessidade de mudanças urgentes no sistema eleitoral vigente na totalidade dos países considerados democráticos, mudanças que permitirão inclusive a participação direta dos eleitores no processo de vigilância e fiscalização do desempenho dos representantes do povo à frente dos poderes Executivo e Legislativo. 

Há quinhentos anos, tendo a Inglaterra como um bom exemplo, o monarca detinha o poder supremo ungido por ordem divina, ele detinha o poder de julgar e condenar qualquer cidadão por crimes cometidos, podendo até condená-lo à morte. 

Hoje, quando a reconhecida organização Transparência Internacional publicou o seu Barômetro da Corrupção Global com chocantes descobertas sobre os partidos políticos, apontando-os como as mais corruptas organizações complexas do planeta, os políticos no poder sabem que é apenas uma questão de tempo para que as multidões comecem a defender o slogan “Sem participação, não pagamos impostos”! 

Para concluir este tão longo texto, lembramos que a moderna civilização ocidental criou a democracia na antiga Grécia, tirou o poder dos monarcas, na Inglaterra, e repassou-o ao parlamento para que dele fizesse uso em nome do povo. Em seguida conseguiu - depois de muito lutar, o direito ao voto universal para eleger seus representantes nos poderes Executivo e Legislativo, e agora, com muito mais luta, e contando com a ajuda do povo armado com os celulares e as redes sociais, democratizará o processo democrático, conquistando o direito ao recibo eleitoral eletrônico que nos levará ao direito à revogação do mandato político. 



                 

quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Décima primeira reunião dos BRICS em Brasília: metade da população do planeta no DF


           A Décima Primeira Reunião dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) foi realizada aqui em Brasília, na semana passada, entre os dias 12 e 13 de novembro corrente. A imprensa brasileira dedicou pouquíssima atenção a tão importante evento, em especial o noticiário televisivo, com destaque para o descaso da Rede Globo de Televisão e para a Band News, as mais notórias expositoras do noticiário internacional.

            Imaginem um país qualquer conseguir reunir em seu território, melhor ainda, na capital deste país, os líderes representantes de mais da metade da população do planeta! Somente este número - mais da metade dos sete bilhões de habitantes do mundo, já seria motivo suficiente para gerar um grande e amplo número de reportagens envolvendo repórteres, apresentadores e especialistas em análise política.

              Pois bem, senhores ouvintes, aqui em Brasília a reunião dos presidentes da China, Índia, Rússia, África do Sul e Brasil foi realizada no maior silêncio, e o governo local até contribuiu para tamanha campanha de desinformação da população brasiliense e brasileira sobre tão importante acontecimento realizado em território nacional.

             Podemos facilmente apontar a razão para tamanho descaso da imprensa nacional sobre o evento em apreço: não apontar mais uma grande realização do governo Bolsonaro, um encontro que permitiu que os presidentes dos países que conformam os BRICS discutissem uma ampla agenda de interesse dos seus povos, pois nela estavam incluídos temas como o aumento das trocas comerciais e a questão da segurança interna dos nossos países e o combate ao terrorismo internacional, questões que afligem indistintamente a todas as nações do planeta.

             Somente a China e a Índia abrigam em seus territórios quase três bilhões de habitantes, a Rússia tem mais de trezentos milhões de indivíduos em um espaço geográfico mais de duas vezes maior que o território brasileiro, e a África do Sul, o mais importante país do continente africano, em extensão e em população. Como entender tamanho silêncio em torno de tantas grandiosidades? O que faria com que tantos números espetaculares não fossem capazes de chamar a atenção da curiosidade jornalística dos editores das nossas grandes e poderosas redes de televisão, sempre atentas às desgraças do cotidiano nacional e internacional, ávidas de possíveis manchetes que possam se transformar em noticiário lucrativo?

               Manteve-se, assim, em quase absoluto silêncio, algo que poderia constituir motivo de grande orgulho para o povo brasileiro, deixou-se de explorar um acontecimento que motivaria com esperanças de melhores dias para o futuro do país até os estudantes da rede pública de ensino, pois o governo local preocupou-se em proporcionar ponto facultativo para o funcionalismo do governo do DF, sob a desculpa de proporcionar a maior segurança possível ao evento em referência, alegando que teríamos o feriado da Proclamação da República em seguida ao encontro dos BRICS. Quanta perversidade ideológica e ignorância estúpida juntas, da imprensa brasileira e do governo local.

                Paralisada pela eleição legal e legítima de Jair Bolsonaro, que sabiamente proibiu o repasse de verbas publicitárias do governo para a imprensa brasileira veicular propaganda enganosa sobre os feitos governamentais, as organizações complexas da imprensa nacional retaliaram fazendo de conta que não enxergavam a importância do Brasil no contexto mundial, seu gigantismo territorial e sua expressão continental, sua privilegiada localização e a disposição de invejáveis recursos naturais, como minerais raros e água potável que existe em quantidade suficiente para mitigar a sede do mundo durante dez longos anos, se, por algum motivo, viesse a escassear esse líquido sobre a face da terra.         
            A imprensa, mais do que o homem comum brasileiro, sabe que qualquer governo brasileiro carece do apoio irrestrito de todos os diferentes segmentos sociais para construir um grande país, e tem que negociar indistintamente com os grandes países do mundo, dentro e fora do continente americano. Assim, temos que negociar, para defender os interesses nacionais, tanto com os Estados Unidos da América capitalista quanto com a China que se diz comunista e com a Rússia que deixou de ser comunista para ser autoritária. E até com a África do Sul, um país que busca desenvolver-se economicamente para vencer suas desigualdades sociais.

             Por sua importância no continente americano, o Brasil pode manter negociações vantajosas com os Estados Unidos, em especial quanto às possibilidades norte-americanas de investimentos que aportem tecnologia avançada em nosso parque industrial e de serviços, sem deixar de lado a compra de equipamento bélico de grande porte, como porta-aviões, que tanto necessitamos para a defesa e vigilância de nosso mar territorial, sempre invadido por pesqueiros japoneses e de outros países, como também por navios-tanque que carregam restolho de petróleo em barris de duzentos litros - algo muito estranho, ainda mais proveniente da Venezuela, ao invés de transportá-lo nos reservatórios de navios-tanque, para tanto mais apropriados e seguros. 

              Nesse sentido, do petróleo caído ao mar em barris de duzentos litros, pode-se duvidar se tal tipo de acidente aconteceria no mar territorial norte-americano, ou mesmo a mil - e - quinhentos- quilômetros da costa dos Estados Unidos, como se afirma que aconteceu no caso brasileiro. Que navio egípcio se atreveria a tanto, sabendo que ao fazê-lo poderia ver levantar-se das profundezas oceânicas um submarino atômico com um canhão devidamente apontado para afundá-lo de imediato, sem dó nem piedade, se antes não o torpedeasse?

                O Brasil tem a urgente necessidade de construir e adquirir e fazer saber ao mundo que dispõe do armamento bélico para defender seu mar territorial e toda a sua imensa costa de mais de dezesseis mil quilômetros, e só a nossa imprensa bilionária não aceita tal realidade, pois sabe ser muito mais fácil extorquir a governantes que se fazem de bonzinhos e pacíficos, enquanto distribuem esmolas para os cidadãos empobrecidos e desinformados ao mesmo tempo em que assaltam os cofres públicos e destroem as finanças do país, desperdiçando o dinheiro que arrecadam do povo em impostos, taxas e contribuições obrigatórias, desviando-o para financiar pontes, rodovias e hidrelétricas em conluio com governantes corruptos de outros países e empresas brasileiras desonestas, como ficou comprovado no caso da Odebrecht e tantas outras, em obras em vários países da América Latina e da África de língua portuguesa.

               Com a China e a Rússia, por sua vez, o Brasil pode aumentar o relacionamento comercial, para investimento e aquisição de tecnologia, pois estes sócios dos BRICS necessitam dos alimentos que produzimos com alto nível de excelência, e somos o maior produtor mundial, com elas podendo nos associar para investir na construção das eclusas, rodovias e ferrovias que tanto necessitamos.

               A China já demonstrou para o mundo que possui a tecnologia de engenharia civil mais avançada para a construção de pontes, rodovias e ferrovias, bastando ver a novíssima e impressionante rodovia de Kurakoran, estendendo-se por 1.300 quilômetros do seu território até alcançar a fronteira do Paquistão, as ferrovias para trens-bala que atravessam o país e a conhecida e admirada Ponte da Raquete, no desfiladeiro de Quinyuan, além de uma ponte sobre o mar, com 51 quilômetros de extensão, superando em três vezes o tamanho da ponte Rio-Niterói.

                 China e Rússia têm as histórias de sua formação e construção até mais ricas e interessantes do que a história da formação e construção dos Estados Unidos, mas ignoradas pelos jornalistas brasileiros de maior expressão, ou que fazem de conta que as desconhecem.

                   A China e a Rússia foram países invadidos e dominados por várias outros povos, e levaram muito tempo para se libertarem dos seus antigos senhores - asiáticos e europeus.
 
                   A China, há mais de quinhentos anos, criou o papel e a pólvora, navegou por todos os oceanos com três navios gigantescos, mapeou o céu do oceano Atlântico, o que permitiu às grandes navegações portuguesas, espanholas e italianas, que se lhe seguiram, se apossarem do continente americano durante alguns séculos. Hoje, a China é administrada por um modelo autoritário de governo, uma criação que mistura centralização do poder e capitalismo e vem dando certo, e é exclusiva das elites que lideram o partido comunista chinês.

           A Rússia, por sua vez, expulsou o enxame de povos europeus que adentraram seu território repetidas vezes, no decorrer de oitocentos anos, e culminou com a criação e formação de um estado totalitário comunista-socialista que perdurou por setenta e quatro anos, e hoje é um país de predominância autoritária, com eleições presidenciais que acontecem regularmente mantendo o líder Vladimir Putin sempre com as rédeas do poder nas mãos.

            Ambas, tanto a Rússia quanto a China, tornaram-se respeitadas no plano mundial, são política e economicamente fortes e poderosas, e fazem parte dos BRICS, mas a imprensa brasileira faz de conta que suas histórias não aconteceram, pondo a culpa neste descaso à ideologia, a uma visão de mundo que dizem não aceitar porque inviabiliza o modelo capitalista de economia, embora também as ideologias sofram transformações.

             Os Estados Unidos têm uma história de dominação única, seus primeiros e únicos senhores foram os ingleses, que os norte-americanos expulsaram em poucos anos de luta, com ênfase para os confrontos entre 1776 e 1779. No entanto, a história da formação e construção dos Estados Unidos é única e exemplar: os norte-americanos criaram a primeira república federativa do mundo moderno, escreveram a primeira constituição republicana que tem uma longa duração, de mais de duzentos anos, que sofreu muito pouca reformulação, recebendo algumas poucas emendas.

             A África do Sul ainda é um país em formação e construção, que dá continuidade ao movimento político inaugurado pelo grande líder Nelson Mandela.

              E o Brasil? Nosso país foi domínio português durante cinco séculos, tendo sofrido forte influência inglesa e recebido impacto cultural francês em seu período de formação e construção. Tivemos a sorte de nossos colonizadores terem desrespeitado o Tratado de Tordesilhas e terem conseguido, com o movimento das Entradas e Bandeiras, ampliar o nosso território enquanto isso foi possível, e, mais adiante, o ministro brasileiro Barão do Rio Branco ter conseguido comprar uma pequena porção do espaço geográfico boliviano, já ocupado por gente brasileira, quando da luta pela formação do hoje estado do Acre.

                 Tivemos ainda a sorte de ter no trono brasileiro um imperador lúcido, esclarecido e viajado, Dom Pedro II, que dominava vários idiomas, mas que não conseguiu resistir às mesquinharias dos invejosos que o destituíram e expulsaram do Brasil, sob a alegação de que o Brasil seria o último espaço monárquico na América Latina, o que o obrigou a circular, empobrecido, pelas ruas de Lisboa com areia brasileira nos bolsos do paletó, numa atitude reveladora do seu respeito e amor pelo Brasil.

                  E entre 1891 e 2018 vivenciamos trocas de governantes que muito pouco fizeram pelo desenvolvimento e crescimento do país, com as raras exceções de um ditador como Getúlio Vargas e um empreendedor como Juscelino Kubitschek, e até tivemos um governo militar que evitou uma tentativa socialista de dominação política e retomou com sucesso, entre 1964 e 1985, o processo desenvolvimentista do período juscelinista. 

                    No momento, depois de quatorze anos de governos que se diziam progressistas e de esquerda em matéria de ideologia política, mas apenas destruíram as finanças públicas e assaltaram os cofres das grandes empresas, como a Petrobras, e os ricos Fundos de Pensão de empresas estatais, contribuindo para a geração de treze milhões de desempregados e para a destruição dos serviços públicos básicos, transformados em cabide de empregos para centenas de milhares de seguidores de um líder analfabeto e inimigo da leitura e do estudo, o povo brasileiro elegeu o candidato Jair Bolsonaro presidente da República.

                     Finalmente, com Jair Bolsonaro, o Brasil fará as reformas de base que lhe restituirão o rumo do desenvolvimento e do crescimento que tanto necessita para melhorar a qualidade de vida de sua população. A primeira grande reforma encaminhada pelo governo ao Congresso Nacional para ser transformada em legislação vigente, pedem os novos tempos políticos e econômicos, está enfrentando os trâmites legais para a aprovação final.

                      O governo eleito há pouco menos de um ano está encaminhando também uma imprescindível proposta de reforma tributária, e, em seguida, outras propostas de reforma administrativa e eleitoral deverão ser discutidas com equipes técnicas e de parlamentares, para aprovação pelo Congresso Nacional.

                        Além destas reformas acima citadas, outras deverão ser propostas, pelo governo ou pelos parlamentares. Por exemplo, os Códigos Penal e Civil e aqueles que os complementam, os Códigos de Processo Penal e de Processo Civil também necessitam de urgente reformulação para se adaptarem à modernidade dos novos tempos que alcançam a cidadania, afligindo-a com os novos crimes e criminosos de uma era dominada pela cibernética, que a telemática introduz com a velocidade da luz nos lares brasileiros.

                         Os governantes de um novo e revolucionário tempo político, sustentado pelos desejos do voto popular, não deveriam ser atacados por uma imprensa que se quer e se diz livre - e tem toda a liberdade que um regime democrático lhe pode proporcionar, e graças a uma concessão do Estado, é responsável pela divulgação de notícias que têm fundamental importância no processo de reconstrução do país. Esta mesma imprensa deveria também se responsabilizar pelo apoio a uma reforma da legislação que não mais condiz com as exigências e com os interesses da população, e, em resumo, não deveria nem poderia silenciar sobre a realização de um evento como a Décima Primeira Reunião dos BRICS no Brasil.

                            E para nosso maior constrangimento, quem domina o idioma russo pode acessar  https://youtu.be/l8ds51E9TFA e assistir o noticiário televisivo russo divulgando o encontro dos BRICS em Brasília, no Brasil, e mostrando alguns pontos da arquitetura exclusiva e moderna da capital brasileira, e até um resumo da fala do presidente Vladimir Putin sobre os principais temas ali apresentados e discutidos, além de vários vídeos dos encontros entre os líderes que lá estiveram na busca de um melhor e mais proveitoso relacionamento entre estes cinco importantes países no contexto mundial, com o objetivo de, entre tantos outros motivos, elevar a qualidade de vida de suas populações.
                            Enfim, a Décima Primeira Reunião dos BRICS só não conseguiu sensibilizar os editores da grande imprensa brasileira, para o resto da imprensa mundial ela foi uma importante notícia divulgada com a ênfase que merecia.  

quarta-feira, 13 de novembro de 2019

O Supremo Tribunal Federal e a defesa dos interesses da moderna sociedade brasileira


          Se depender de alguns dos juízes do Supremo Tribunal Federal, a sociedade brasileira nunca terá seus verdadeiros interesses políticos atendidos, pelo menos é o que ficou demonstrado no último julgamento da questão das sentenças proferidas em Segunda Instância.

           Para não falar muito, podemos nos perguntar como podemos acreditar nos argumentos “garantistas” de juízes de uma suprema corte de justiça que tergiversam quando têm que demonstrar segurança absoluta em julgamento de um princípio normativo construído para defender a sociedade de crimes cometidos contra ela, em especial por indivíduos que se aproveitam do fato democrático de terem sido eleitos legal e legitimamente pelo voto popular?

          Em várias ocasiões, o mesmo plenário, que considerou corretas as sentenças antes promulgadas em Segunda Instância, condenatórias de abusos praticados por autoridades de governo associadas a empresários que mantêm negócios multimilionários com empresas estatais, revela que os senhores juízes cometeram um erro de interpretação e desrespeitaram o texto constitucional que não permite a prisão decidida apenas em Segunda Instância, e, portanto, obrigaram-se a voltar atrás em voto que defendeu os interesses de toda uma sociedade, mesmo interrompendo um rito constitucional que não condiz com a realidade brasileira vilipendiada por políticos desonestos, passando, na verdade, a defender os interesses de apenas um indivíduo e seu partido político, ambos envolvidos em falcatruas de assalto comprovado a cofres públicos recheados de dinheiros arrecadados do povo brasileiro trabalhador.

          E o pior ainda estará por chegar, com a possível reeleição dos mesmos indivíduos que assaltaram, de modo comprovado, tantos cofres de organizações complexas do Estado, agora perdoados por uma corte suprema de justiça.

          Essa gente que dilapidou as finanças públicas, não hesitará em se utilizar do engenho publicitário e de suas modernas técnicas de encantamento para convencer o eleitorado nacional de que, eles, os contumazes ladravazes, são os mais honestos cidadãos sobre a face do território brasileiro e os mais competentes administradores que o mundo já conheceu, e, invertendo a realidade, afirmará, com todas as letras, que, em quatorze anos de presidência desta desprotegida República, só praticaram atos corretos com o intuito de engrandecê-la perante o restante dos demais países do planeta, jamais se responsabilizando por aquilo que praticaram com muito gosto: o roubo descarado dos cofres públicos em todos os níveis de governo: no federal, no estadual e no municipal. E em todo tipo de empresa estatal que lhes foi dado gerenciar.

           Essa gente que se considera muito esperta, roubou os cofres públicos de cabo a rabo, cooptando para o assalto aos cofres públicos nacionais inclusive governantes e empresas de outros Estados nacionais, aliciados para contratar empresas brasileiras corruptas, e as doutas figuras que assumiram posições no Supremo Tribunal Federal conhecem também esta nua e crua verdade política que envergonha o Brasil no exterior: que presidentes de outros países foram condenados pela justiça dos próprios países por se associarem aos brasileiros desonestos, liderados pelo Mártir da Corrupção, e foram e continuam encarcerados, enquanto no Brasil o condottiero do assalto às finanças públicas está solto para continuar mentindo sobre os atos desonestos que, comprovadamente, cometeu contra a sua própria terra natal.

         Apenas um infantil “garantismo” jurídico positivista não tem o direito de assumir, contra o anseio da maioria dos brasileiros, a proteção constitucional de verdadeiros bandidos que se aproveitaram do poder que a democracia lhes deu para tripudiarem sobre uma populosa nação como a brasileira, e nem os senhores juízes que ganharam suas nomeações dos governantes que dilapidaram as finanças públicas nacionais podem fazer de conta que desconhecem os malfeitos dessa gente que os nomeou, porque em assim procedendo e julgando estão atirando no poço da indignidade jurídica o título que a sociedade lhes autoriza a ostentar, o de juízes de um Supremo Tribunal Federal.

            Em defesa da verdade e do poder judiciário, ainda que numa contradição das contradições, que a história do Supremo Tribunal Federal registrará sem piedade e para suprema vergonha dos seis juízes “pseudo-garantistas constitucionais”, e para espanto e alegria dos cidadãos brasileiros e dos estudantes nos mais de mil e duzentos cursos de ciências jurídicas no Brasil, cinco dos onze juízes desta corte suprema de justiça, também nomeados por esses mesmos governantes assaltantes de dinheiros públicos, se recusaram a libertá-los das prisões a que foram condenados por juizados de Segunda Instância - em especial respeito pelo enorme amontoado de provas reunidas contra os políticos, empresários e burocratas desonestos, e votaram favoravelmente à manutenção dos ladravazes nos cárceres onde devem permanecer para proteção de toda a sociedade brasileira, mesmo que se enquadrem como devedores de suas nomeações para esta corte suprema, atitude que ainda mais a engrandece e protege da fúria popular que anseia por vê-la com as portas cerradas em definitivo, em decorrência da estúpida decisão dos “juízes garantidores”!

            A decisão azul-caneta dos seis juízes “garantistas”, neste caso da Segunda Instância, é um indicador que aponta para a difícil missão das elites governantes brasileiras de aprovarem as mudanças políticas, jurídicas e administrativas que são imprescindíveis para colocar o Brasil no rumo da retomada do desenvolvimento e crescimento que o país tanto necessita.

             Enquanto isso, os cinco juízes que votaram com uma caneta azul pela continuidade do encarceramento dos assaltantes dos cofres públicos nacionais – Cármen Lúcia, Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Luís Fux e Edson Fachin, apontam para a esperança de que o Supremo Tribunal Federal um dia tenha seus quadros renovados e ocupados por profissionais das ciências jurídicas atentos aos interesses do povo brasileiro, homens e mulheres que defendam muito mais o direito levantado pelas ruas contra o direito sempre achado nas constituições e nos convescotes das elites dirigentes que “lutam para que tudo continue como está e sempre esteve”, que não desejam as mudanças que lhes retirarão alguns seculares privilégios.

              A escolha de profissionais das ciências jurídicas para o ocuparem os cargos de juízes do Supremo Tribunal Federal não é uma tarefa fácil, mas o modelo brasileiro dominado pelas instâncias políticas mostra-se ultrapassado e deve ser repensado com a devida urgência. Existem modelos de seleção de juízes que contam com a participação popular, além daquela das elites dominantes. O Brasil pode e deve descobrir um modelo mais conveniente para a escolha de juízes do Supremo Tribunal Federal, inclusive atentando-se para a diminuição do tempo de permanência destes profissionais ocupando um cargo nessa instituição, quem sabe seria importante acabar com o direito à vitaliciedade. 
             O sexteto de juízes azul-caneta – a Mestra Prolixa, o Chefinho Envaidecido, o Dunga Zangado, o Polonês de Bayern, o Senhor das Moedas e o Advogado dos Sem Concurso, que, ao abolirem a prisão em Segunda Instância libertaram uma gente que pode ser enquadrada em assustadoras categorias criminais – de políticos corruptos, empresários desonestos, burocratas do colarinho branco, narcotraficantes, assaltantes de bancos, estupradores e assassinos de inocentes - todos eles grupos com recursos financeiros à sua disposição, necessários para contratar os serviços de bancas de advocacia - é decepcionante reconhecer, são perfeitamente conscientes da qualidade das maldades que estas criaturas tortas podem cometer contra a cidadania indefesa.

              Enfim, os juízes brasileiros de todas as instâncias são conscientes de que o positivismo jurídico que abriga toda a legislação nacional – desde a Constituição, passando por todos os Códigos e pela legislação infraconstitucional, são fórmulas ultrapassadas cujas brechas precisam ser interpretadas em favor da maioria que não é mais silenciosa, e tal coletânea de leis precisa sofrer adaptações urgentes para melhor servirem aos interesses de uma cidadania que se informa e se manifesta rapidamente pelas redes sociais, dominadas pela velocidade da luz dos celulares, dos computadores e das imagens televisivas.

              Os juízes brasileiros, em especial aqueles das instâncias superiores, têm que se conscientizar que o modismo importado do “politicamente correto” não pode ser usado para livrar criminosos identificados pela polícia e condenados pelas instâncias inferiores a muitos anos de cadeia, que essa mesma fragilizada legislação positivista põe na rua tão logo tenham sido beneficiados pelo cumprimento de apenas um terço de suas penas.

               Os senhores juízes superiores precisam entender que apenas este último dispositivo acima citado, desmoraliza e desacredita a possibilidade de punição àqueles cidadãos que enveredam pelas sendas do crime contra os cofres públicos, uma ação tão criminosa que não pode ser perdoada sob nenhum pretexto.

              Para concluir esta longa reflexão sobre a desconstrução das condenações em Segunda Instância, diríamos que a soltura do Mártir da Corrupção, uma jararaca que apenas teve o rabo pisado, como ele mesmo gosta de se anunciar, pôs nas ruas brasileiras, pronto para incendiá-las, esse furacão estúpido e envaidecido que se diz a criatura mais honesta sob a face do planeta terra, um indivíduo que se acredita predestinado a comandar o destino de toda uma nação, alguém acima de todos e de tudo, um homem acima das instituições, uma personalidade narcisista acima até do próprio Deus. Um NPD (Narcisistic Personality Disorder), ou portador do Transtorno de Personalidade Narcisista, doença que não tem cura.

               Ao invés de aproveitar a liberdade que lhe foi concedida para promover uma humilde conciliação com o país dividido politicamente, o Mártir da Corrupção insultou as instituições e a cidadania consciente e convocou seus liderados para o confronto com a população que dele desistiu e nele não mais acredita, um falso líder que aposta que as condenações que recebeu pelos crimes cometidos e comprovados possam ser até anulados pela justiça que já se pronunciou sobre eles em trânsito julgado, porque, para ele, os tais delitos nada significam se comparados ao tanto que afirma ter feito pelos pobres do Brasil em quatorze longos anos de governo.

          O que o Mártir da Corrupção não revela é que, ao mesmo tempo em que dava a esmola da Bolsa Família e outras tantas bolsas a milhares de brasileiros, aproveitava para assaltar os cofres da nação.
           Os juízes do Supremo Tribunal Federal e o Mártir da Corrupção deveriam se assustar com a fuga de Evo Morales - um discípulo prestigiado da jararaca do rabo machucado, o ex-presidente da Bolívia que buscou asilo no distante México, também presidido por um crente da víbora brasileira, dizendo-se ameaçado pelas Forças Armadas bolivianas, que ele chefiou acreditando que fossem bolivarianas, e não o eram, assim como o povo boliviano que, com suas bandeiras nas ruas, também demonstrou não ser bolivariano.

             Por último, e muitíssimo importante, torna-se imperativo denunciar a grave omissão do poder Legislativo, cujos líderes do momento ou fazem de conta que não têm nada a ver com o imbróglio da Segunda Instância, no caso da Câmara dos Deputados, ou demonstram conhecer muito pouco da responsabilidade que têm nas mãos, que é o caso do Senado Federal.