Fatos
políticos me obrigaram a escrever mais um artigo, que aproveito para
refletir sobre a tentação de se misturar as funções de chefe de Estado e de
chefe de governo, depositadas nas mãos dos indivíduos que se elegem
como presidentes da República em um sistema de governabilidade que só funciona,
quando funciona, sob as condições do chamado presidencialismo de coalizão.
Jair
Messias Bolsonaro foi eleito pela maioria dos eleitores brasileiros que
acreditaram no seu inovador discurso de campanha, que ressaltava a imperiosa
necessidade de se fazer política com honestidade e condenava o presidencialismo
de coalizão, o qual se sustenta no conhecido esquema político do “toma-lá-dá-cá”,
algo que o povo brasileiro via acontecer desde o descobrimento do Brasil, mas
com brutal ênfase na apropriação indevida das finanças públicas do país pelos
políticos nas últimas três décadas.
Jair Messias Bolsonaro, como um impulsivo messias esperado, convidou e nomeou como
seu Ministro da Justiça um juiz paranaense, Sérgio Moro, famoso pela sua honestidade e capacidade para interpretar a legislação penal
brasileira com a modificação do conceito da delação premiada, vigente nos códigos
penais nacionais, que admite que o réu, se confessa o crime, não tem que
identificar outros autores e pode ter sua pena diminuída, sem a Justiça abrir
mão do processo penal. O juiz Sérgio Moro ampliou o conceito da delação
premiada, aproximando-o do Plea Bargain norte-americano (Solução Negociada,
em português). Nesse sentido, o réu que confessa o crime e aponta outros participantes,
provando o que denuncia, passou a ter a sua pena diminuída para um tempo mínimo
de reclusão.
O juiz Sérgio Moro inverteu a moral do direito
penal brasileiro, que prescreve a presunção de inocência do réu na sua
apresentação perante um magistrado, quando passou a adotar o conceito
norte-americano da confissão de culpa antecipada pelo réu ao se apresentar
perante um juiz que lhe faça a célebre pergunta: “Guilty or not guilty?”, "culpado
ou inocente?", em português, até nas barras de um tribunal plantado à beira das estradas para o julgamento imediato de infrações de trânsito.
Graças
a este expediente, o juiz Sérgio Moro ficou conhecido como o magistrado da Operação
Lava Jato, o homem que teve a coragem para condenar a um punhado de políticos,
burocratas do serviço público e empresários nacionais a muitos anos de cadeia,
por ficar provado que assaltavam impunemente os cofres públicos das corporações
estatais, tais como bancos de investimento, fundos de pensão e organizações
complexas do ramo do petróleo, e dividiam o produto de tais crimes com os
governantes, com os dirigentes partidários, com os burocratas do serviço
público, entre eles mesmos, os empresários, e até com associados estrangeiros
nessa mesma linhagem de marginais.
O
juiz Sérgio Moro tornou-se um símbolo nacional, em especial por ter condenado o
ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva por crimes cometidos no exercício da
presidência da República, graças às delações premiadas de empresários do setor
da construção civil. Por sua corajosa atuação, Sérgio Moro tornou-se um magistrado sem medo de
condenar os poderosos homens que manipulavam e desviavam de forma desonesta os
recursos financeiros coletados pela Receita Federal e postos à disposição de governantes
que têm a obrigação de buscarem, com a sua honesta aplicação e investimentos, o
bem comum que melhorasse as condições de vida dos cidadãos trabalhadores
brasileiros.
Sérgio
Moro assumiu o Ministério da Justiça e Segurança Pública depois de um acordo
com o Presidente da República, eleito em 2018 com a maioria dos votos do
eleitorado nacional, com a incumbência principal de atuar em três frentes: no
combate à corrupção do colarinho branco, ao crime organizado e, em especial, às
quadrilhas de narcotraficantes que infestam as ruas de todos os centros urbanos
do país.
Como
Ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro tratou de encaminhar, com
a anuência do Presidente da República, projetos de lei modificadores da
legislação de combate aos criminosos em geral, com especial destaque para o
enfrentamento dos criminosos do colarinho branco. Para tanto, acrescentou o
conceito norte-americano do Plea Bargain aos códigos brasileiros, um
instrumento destinado a facilitar a condenação dos colarinho
branco se denunciados pelos seus auxiliares menores, visto que sem a delação dos infratores em posições inferiores torna-se muito
difícil alcançar os verdadeiros comandantes dos atos de corrupção contra os
cofres públicos.
A
reação dos parlamentares no Congresso Nacional foi contrária a muitos dos
dispositivos propostos pelo Ministro da Justiça, e os projetos por ele encaminhados
sofreram transformações que lhes retiraram parte de sua substância, desfigurando-os
em sua inteireza, o que, com certeza, prejudicará o combate à criminalidade no
país.
Assim
funciona o presidencialismo de coalizão: o presidente da República não tem mais
poder do que os grupos parlamentares no Congresso Nacional, em especial se não
concorda nem aciona o esquema do “toma-lá-dá-cá” para administrar o país, e é preciso repartir com
o Legislativo a sua obrigação de fazer funcionar as corporações públicas que,
por lei, devem estar sob a direção única daquele que preside o poder Executivo
durante todo o período de tempo de quatro anos para o qual é eleito. Afinal,
a Constituição brasileira, em seu Artigo 2º, declara: “São poderes da União,
independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”. Seria
esta independência e harmonia entre os três poderes da República apenas
conversa fiada, sob o manto da constitucionalidade, em nosso país?
Vamos
abrir um parêntese para alguns comentários necessários.
Na
verdade, não só o poder Legislativo, quando não aprova ou adia projetos
administrativos que lhe são encaminhados pelo Presidente da República, mas também o poder Judiciário atropelam decisões mínimas do poder Executivo, e uma
decisão monocrática de um juiz pode impedir algumas nomeações para cargos
burocráticos de direção de corporações legalmente submetidos às escolhas e
decisões do Presidente da República e, segundo esta prerrogativa
constitucional, a mais ninguém. Aliás, sobre este tema, o juiz Luís Roberto
Barroso, do Supremo Tribunal Federal, em entrevista à Globo News, em 03 de
maio de 2020, declarou que é contrário ao voto monocrático de juízes do STF,
apoiando a obrigatoriedade do voto colegiado como mais justo e democrático em
decisões que envolvam questões pertinentes ao poder Executivo.
No
Brasil, a mentalidade corporativa e oligárquica invade e domina inclusive o
poder Judiciário, com alguns juízes defendendo interesses partidários e
individuais da poderosa elite econômica do país. Aliás, os juízes do Supremo
Tribunal Federal brasileiro estão enredados numa trama mundial prevista por
Antonio Gramsci, o pensador italiano que, depois da Segunda Guerra Mundial, de
dentro da prisão a que foi confinado, afirmou que a era das revoluções armadas fora
ultrapassada, bastando conquistar os corações e mentes do Legislativo e do
Judiciário para dominar qualquer sociedade. Antonio Gramsci foi um genial
intelectual comunista que soube enxergar a estratégia socialista para
conquistar o poder sem disparar um só tiro. E
é assim no Brasil de hoje, com o ativismo judicial de um Supremo Tribunal
Federal cujos magistrados gozam de uma vitaliciedade até os 75 anos de idade, e
fazem, sem parar, as leis que devem ser de responsabilidade do poder
Legislativo.
Textos
traduzidos por um juiz vitalício do Supremo Tribunal Federal falam sobre uma
sociedade aberta em que cada cidadão ou grupos organizados podem interpretar a
Constituição, e já dominam o trabalho jurídico dos profissionais na Corte
Suprema do nosso país.
O
problema com a ideia da sociedade aberta dos intérpretes da Constituição, do
pensador e jurista alemão Peter Häberle, no Brasil, não se restringe ao
ativismo de grupos sociais que lutam pelo reconhecimento de seus direitos
humanos e de cidadania, com ações que devem ser respeitadas e consideradas
louváveis atitudes legais, mas se vincula diretamente às interpretações de
juízes da Suprema Corte de Justiça para proveito de alguns poderosos cidadãos
que, através de escritórios de advocacia, apelam para seus conhecimentos
jurídicos e sua posição nessa jurisdição superior com a finalidade de, com suas
interpretações constitucionais abertas, os livrarem de condenações por crimes
cometidos contra interesses públicos e até contra o bem comum, como é o caso, por
exemplo, dos transportes coletivos.
Nossa
Corte Suprema vitalícia lida com os denominados termos abertos, e seus juízes
criam mutações constitucionais, em um processo de mudança constitucional
informal fora do circuito do poder Legislativo. Esta tarefa é facilitada
pelo modelo de constituição analítica que adotamos a partir de 1988, uma colcha
de retalhos com duzentos e cinquenta artigos (sem falar nos noventa e oito
Artigos de um Ato das Disposições Constitucionais Transitórias), a maioria
deles constituída por artigos formais, sem essência constitucional, como diria
Carl Schmidt, por exemplo, do § 2º do Artigo 242, uma norma cuidando do Colégio
Pedro II. Mesmo aquilo que é material, ou seja, com essência constitucional,
tem sido atropelado pelas decisões abertas dos juízes do Supremo Tribunal
Federal, e qualquer tema, como o aborto, o casamento entre cidadãos do mesmo
sexo ou o direito a um recibo eletrônico do voto eleitoral, por exemplo, passa
a ser tratado como matéria constitucional, e todo assunto corre o risco de
passar pela interpretação de um juiz da Suprema Corte de Justiça do Brasil, e mais
ainda se refletir posição adotada por uma militância considerada progressista.
É a Corte Suprema mais poderosa do mundo, gozando de vitaliciedade e em uma
sociedade considerada aberta, que se impõe tanto ao poder Legislativo quanto ao
poder Executivo nos assuntos mais comezinhos e estabelece decisões erga omnes, com fundamento no que se denomina Teoria da Abstrativização do Controle Difuso.
Porém,
o ativismo judicial da nossa Corte Suprema de Justiça não lida apenas com os
temas considerados abertos, veja-se a decisão de derrubar a possibilidade de
prisão após julgamento condenatório em Segunda Instância jurídica, com os
juízes do Supremo Tribunal Federal tomando para si a decisão de reinterpretá-la,
em 2016, apoiados no Art. 5º, inciso LVII, e tal decisão não deve transitar
em julgado em todos os tribunais superiores pois já haviam determinado a
possibilidade dessa prisão em decisão de 2009. Aproveitando-se de tamanha
confusão jurídica, ou melhor, indecisão jurídica, criminosos já condenados em
juizados na Primeira Instância e na Segunda Instância interpuseram liminares
que os libertaram das prisões onde estavam confinados. Ademais, o sistema de
recursos judiciais no Brasil permite a protelação do trânsito em julgado por
anos a fio, em especial para os réus que dispõem de recursos financeiros para
pagar tais recursos protelatórios, alguns deles caríssimos, e as bancas de
advocacia, também caríssimas, que os impetram. E graças a tamanho imbróglio
jurídico e aos recursos judiciais, ricos criminosos e políticos
enriquecidos pelos assaltos às finanças públicas estão livres, leves e soltos
para gozarem do fruto do seu trabalho desonesto.
Não
se pode ser contra o princípio da presunção de inocência para proteger réus
condenados em primeira instância, mas a Constituição de 1988 poderia ter feito
a ressalva, já que é tão analítica, de que os condenados em segunda instância
poderiam ser conduzidos à prisão, pois de lá poderiam continuar apelando aos
tribunais superiores pela sua preciosa liberdade. Apenas para acalmar nosso
ímpeto de justiça moral, vale lembrar que Inglaterra, Estados Unidos, Canadá,
Alemanha, França, Portugal, Espanha e Argentina adotam a prisão de criminosos
após julgamento em segunda instância.
Também não se pode esquecer que, diferentemente dos demais trabalhadores, os juízes do
Supremo Tribunal Federal têm direito a sessenta dias de férias anuais e também de requisitar jatinhos da
Força Aérea Brasileira para deslocamentos por todo o território nacional para
tratar de assuntos do seu próprio interesse, como proferir palestras, por
exemplo, e este é apenas mais um dos itens que fazem parte de um conjunto de
“fringe benefits”, ou mordomias, que os magistrados têm à sua disposição. Enfim,
a nossa Corte Suprema é, com absoluta certeza, o melhor dos mundos judiciais
para magistrados de todo o planeta.
Daí, em
nosso entender, o apego tão forte de nossas elites dominantes ao vigente e
venerado presidencialismo de coalizão, tanto no poder Legislativo quanto no
poder Executivo, e contando com o apoio irrestrito de seus representantes no
poder Judiciário, pois este modelo de sistema de governo lhes facilita as
interpretações constitucionais que levam às decisões abertas possibilitadas
pela Teoria da Abstrativização do Controle Difuso.
Só resta ao cidadão comum correr sem rumo, para lá e para cá, mesmo sabendo que
o bicho pode pegá-lo, porque ficando, é certo que o bicho da abstrativização o comerá,
junto com o leão da Receita Federal, que abocanhará o resto que sobrar do fruto
do trabalho dos cidadãos.
Fechemos
o parêntese e retornemos à ferida aberta do atual governo.
Depois
de um ano e meio de governo, o Presidente Jair Messias Bolsonaro sentiu-se
insatisfeito com a atuação da Polícia Federal na apuração de certos crimes que chamaram a atenção de todo o país. Para exemplificar, com apenas algumas horas na sequência do esfaqueamento do candidato
Jair Messias Bolsonaro nas ruas da cidade mineira de Juiz de Fora, um jatinho
despejou um grupo de renomados e caros advogados para defender o esfaqueador,
que não tinha condições financeiras para ter à sua disposição, não somente um
advogado, mas uma banca de advogados. O esfaqueador terminou por ser
considerado um doente mental que agiu isoladamente, sem um patrocinador, e os
advogados contratados para defendê-lo nunca foram sequer ouvidos pelo delegado
investigador do caso, que foi indicado por Sérgio Moro, já Ministro da Justiça
de Jair Messias Bolsonaro, para o cargo de diretor-geral da Polícia Federal.
Outro
caso de assassinato na rua, no ano de 2018, de repercussão nacional, também não
foi solucionado pela polícia civil do Rio de Janeiro: o da vereadora Marielle
Franco e seu motorista, Anderson Gomes. Tentaram incriminar o Presidente Jair
Messias Bolsonaro desse crime, aproveitando-se que um dos prováveis criminosos
morava no mesmo condomínio do presidente e teria mantido contato com ele, pelo
telefone residencial. Jair Messias Bolsonaro provou, sem o auxílio da polícia,
que na mesma hora do suposto telefonema para a sua casa ele se encontrava no
Plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília, portanto, não poderia ter atendido a uma chamada no telefone da sua casa no distante Rio de Janeiro. Este crime
continua sem solução, embora suspeitos estejam presos em penitenciária sob a guarda da Polícia Federal.
Um
terceiro delito que também incomoda o presidente Jair Messias Bolsonaro foi o
assassinato de um ex-policial da Polícia Militar do Rio de Janeiro, que se
tornou miliciano e trabalhou para os gabinetes parlamentares dos filhos do presidente, e foi morto, já encurralado dentro de uma casa em uma granja no
meio rural, pela Polícia Militar da Bahia, um estado com governador eleito pelo
Partido dos Trabalhadores. Crime também não solucionado.
Finalmente, um dos filhos do presidente, hoje senador da República, é investigado pela Polícia Federal pela utilização
de parte dos vencimentos de servidores contratados pelo seu gabinete
parlamentar para melhorias nas instalações que dão cobertura a seu desempenho
político, quando exerceu mandatos parlamentares pelo estado do Rio de Janeiro. Este
é um expediente bastante comum praticado pelos parlamentares brasileiros, inclusive no Congresso Nacional, e disso sou testemunha, pois lá trabalhei por
cerca de vinte anos, e descontos nos vencimentos dependem das negociações entre
o parlamentar e o servidor contratado. Só não é assim no caso do Partido dos
Trabalhadores, que estabelece cotas percentuais obrigatórias de acordo com o
montante que o servidor recebe, e tal expediente tem a aprovação da Mesa
Diretora da Câmara dos Deputados, que autoriza o desconto direto na folha de
pagamentos da Casa, o qual é repassado oficialmente ao Partido dos Trabalhadores,
graças a este tipo de expediente. Além disso, outros partidos políticos começaram a
copiar o exemplo petista. Afirmo isso porque trabalhei em gabinete
petista.
Há também um caso envolvendo uma denúncia
de empréstimos financeiros realizados entre um assessor do filho do Presidente
e sua esposa, cujo montante o próprio Jair Messias Bolsonaro já confirmou em
declarações ao vivo às redes de televisão do país, revelando que o
empréstimo não foi de R$ 24.000, mas sim de R$ 40.000.
Enfim, insatisfeito com o tempo
dispendido pela Polícia Federal para concluir tantas investigações que o
atingem, o Presidente Jair Messias Bolsonaro resolveu nomear alguém de sua
inteira confiança para exercer o cargo de diretor dessa instituição do Estado
brasileiro. No entanto, ainda que tenha o direito para fazê-lo, teve que
desautorizar o Ministro da Justiça, o ex-juiz Sérgio Moro, que discordou dessa
atitude presidencial e exonerou-se do cargo, causando uma grave crise política
num momento em que o país já tem pela frente uma pandemia, finanças públicas em
desarranjo desde os governos passados e uma economia que pede recuperação
urgente, tendo em vista o grande desemprego deixado pelos governantes antecessores.
Para surpresa geral de
todos os brasileiros, o ex-juiz Sérgio Moro exonerou-se perante uma audiência de
jornalistas convocados para esta especial ocasião. Ele fez gravíssimas denúncias
contra o Presidente Jair Messias Bolsonaro, implicando-o em declarações que o
incriminam com a afirmação de que o presidente pretende utilizar a Polícia
Federal, na condição de chefe de governo, em proveito próprio, em absoluta
contraposição ao seu direito de conduzir esta polícia como uma instituição do
Estado, perfeitamente independente quanto ao seu direito de operar como polícia,
conduzindo investigações sem ter que encaminhar relatórios do andamento dos
seus trabalhos para ninguém, nem mesmo para o presidente de República. De repente, o
noticiário da imprensa e as redes sociais se encheram de denúncias
escandalosas, umas contra o Presidente Jair Messias Bolsonaro e muitas outras
contra o ex-juiz Sérgio Moro.
Uma guerra de
versões sobre fatos políticos está dividindo o país e colocando ex-auxiliares
do governo eleito em 2018 em oposição ao Presidente Jair Messias Bolsonaro e
seus filhos - Eduardo, Flávio e Carlos, com um deles sendo acusado de coordenar
um “gabinete do ódio” de dentro do Palácio do Planalto, com ramificações por
todo o país.
Veja-se o caso
da deputada Joice Hasselman, que foi líder do governo na Câmara dos Deputados,
liderando inclusive o projeto de reforma da previdência social, e, segundo ela
mesma revelou em entrevista à CNN (Cable News Network), em 27.04.2020, hoje não
mais apoia o governo do Presidente Jair Messias Bolsonaro e culpa os filhos do presidente pelo seu afastamento, e afirma que teriam promovido o seu
desligamento do conjunto de parlamentares que defendem o atual governo. A
deputada também revelou que já prestou depoimento na Comissão Parlamentar Mista
de Inquérito do Congresso Nacional, em funcionamento no Senado Federal e com investigações de fake news, ou divulgação de notícias falsas. Mas a deputada
Joice Hasselmann, em entrevista anterior à rede Globo News, revelou às
gargalhadas que era admiradora incondicional do Presidente Jair Messias
Bolsonaro, afinal, elegera-se deputada federal pelo estado de São Paulo, com
quase dois milhões de votos, graças ao apoio do novo messias político
brasileiro.
No entanto, nessa
mesma entrevista à Rede Globo News, questionada se seria candidata à
vice-presidência da República, no pleito de 2022, em uma chapa encabeçada pelo
governador João Dória, que para se eleger agarrou-se ao Presidente Bolsonaro em
2020 para logo em seguida agredi-lo com traições, a deputada negou esta
candidatura, mas já tinha sido flagrada em uma proposta de aliança que
implicava uma possível separação do seu político mais admirado.
Outro caso de
desligamento de um parlamentar da base de apoio do governo Bolsonaro, digno de
registro, foi o do advogado Gustavo Bebianno, que chegou a ter um importante
cargo no Palácio do Planalto, mas alegou ter sido afastado do presidente também
por desentendimentos com seus filhos. Logo depois de seu afastamento, Gustavo
Bebianno veio a falecer, ainda jovem, com apenas 58 anos de idade, por
problemas coronários e, segundo a deputada Joice Hasselmann, de desgosto.
No momento, o
Brasil que acompanha a política está aguardando o resultado das investigações
do inquérito encaminhado ao Supremo Tribunal Federal, por Augusto Aras,
Procurador-Geral da República – por uma contradição dos arranjos políticos,
nomeado pela presidência e pela Constituição, detentor do monopólio da denúncia
contra o próprio presidente da República - que pede as providências cabíveis
quanto às declarações e denúncias do ex-juiz Sérgio Moro, como Ministro da
Justiça e Segurança Pública, contra o Presidente Jair Messias Bolsonaro que, segundo
este ministro, teria insinuado que nomearia um diretor da Polícia Federal com
quem pudesse dialogar e até pedir informações sigilosas sobre investigações em
andamento, uma gravíssima acusação contra o Presidente da República. O que
pretenderia o ex-juiz Sérgio Moro, com tão desafiadora denúncia? Abrir caminho
para uma possível candidatura à presidência da República, lastreada na sua
imagem de incorruptibilidade?
Por oportuno,
sobre este mesmo tema do encaminhamento de informações dos órgãos de segurança
ao Presidente da República, o jornal Folha de S. Paulo, em sua edição de 11 de
setembro de 2007, em matéria assinada por Andréa Michael e Kennedy Alencar, da
Sucursal de Brasília, noticiou: “O presidente Luiz Inácio Lula da Silva
realizou trocas nos comandos da Polícia Federal e da Abin porque deseja ter
mais informações sobre as grandes operações da Polícia Federal e por avaliar
que a Agência Brasileira de Inteligência é ineficiente”.
O pedido de
inquérito encaminhado pelo Procurador Geral da República ao Supremo Tribunal
Federal foi sorteado e ficou sob a responsabilidade do Ministro Celso de Mello,
o mais antigo ministro em exercício, cuja aposentadoria está prevista para o
próximo mês de novembro, quando alcançará a idade limite de 75 anos. Se o Ministro
Celso de Mello não tiver tempo suficiente para julgar o pedido de inquérito
contra o presidente Jair Messias Bolsonaro, o seu substituto, pela tradição do
tribunal, receberá todos os projetos não concluídos pelo ministro. Isto
significa que o Presidente Jair Messias Bolsonaro poderá indicar o juiz que
substituirá Celso de Mello, e então, por uma ironia do destino, o Presidente da
República poderá ser julgado por um juiz que ele mesmo nomeará, ou seja, alguém
de sua própria confiança. Coisas que acontecem graças ao exercício das funções
acumuladas de chefe de Estado com aquela de chefe de governo, e enorme prejuízo
para possíveis planos políticos de Sérgio Moro, quaisquer que sejam eles.
Existem outras
duas ações impetradas pelos partidos políticos contra o Presidente Jair Messias
Bolsonaro, no Supremo Tribunal Federal, aguardando decisão do Ministro
Alexandre de Moraes, que denunciam sua participação nas manifestações de rua,
em Brasília, que defendiam a intervenção militar para fechamento do Congresso
Nacional e do próprio Supremo Tribunal Federal. Também tramitam
ações impetradas para impedir a nomeação de Alexandre Ramagem, delegado
indicado pelo Presidente Jair Bolsonaro, para o cargo de Diretor-Geral da
Polícia Federal. Como diretor da ABIN (Agência Brasileira de Inteligência,
vinculada à Presidência da República), Alexandre Ramagem obteve provas sobre
vazamento de informações de responsabilidade do Ministro Sérgio Moro, ainda no
exercício da estratégica função de Ministro da Justiça, e, de ofício,
repassou-as ao Presidente da República. Essas informações teriam sido vazadas
através de uma secretária casada com um filho da jornalista Miriam Leitão, da
Rede Globo News, que é declaradamente opositora do atual governo, e que, por
sua vez, é casada com o cientista político Sérgio Henrique Abranches, que criou
e divulgou, em artigo acadêmico em 1988 a expressão “presidencialismo de
coalizão”, o conhecido “toma-lá-dá-cá”, para caracterizar o padrão de
governança brasileiro expresso na relação entre os poderes Executivo e
Legislativo. E Jair Messias Bolsonaro é inimigo declarado desse modelo de
sistema de governo. Ufa, que fiada de interesses que se misturam e se
entrelaçam e não acabam nunca!
Já estão
encaminhados, até agora, 29 de abril do corrente ano legislativo, trinta
pedidos de impeachment do Presidente Jair Bolsonaro, embora o Presidente
da Câmara dos Deputados, o deputado Rodrigo Maia, depois de dez dias sem
qualquer tipo de contato com a imprensa brasileira, tenha declarado que esta
não é a hora de se pensar nesse tipo de encaminhamento, que “é preciso refletir
com cuidado sobre a crise política”.
Enfim, pode-se afirmar que o governo do Presidente Jair Messias Bolsonaro é insistentemente atormentado por inúmeras ações judiciais impetradas em apenas um ano e meio de mandato, e aguardando decisões do judiciário.
Enfim, pode-se afirmar que o governo do Presidente Jair Messias Bolsonaro é insistentemente atormentado por inúmeras ações judiciais impetradas em apenas um ano e meio de mandato, e aguardando decisões do judiciário.
Se ao invés de um sistema de governo presidencialista
estivéssemos vivenciando um sistema de governo parlamentarista, esta crise poderia
ter sido evitada. E por quê? Porque no parlamentarismo o presidente da
República é apenas o chefe de Estado, com funções muito bem delimitadas e
separadas daquelas pertinentes ao cargo de primeiro-ministro. Este, por sua vez, é escolhido
por seus pares no Congresso Nacional para o exercício das funções de chefe de
governo, que consistem em administrar todas as corporações do Estado e convocar novas eleições para renovação dos representantes do povo. O chefe de governo sempre é
demissível quando não consegue negociar o fim de uma crise política. O Presidente da República, por outro lado, é o encarregado da dissolução do
Parlamento e da convocação de novas eleições.
Um dos vídeos
postados nas redes sociais, que parece ser fruto de um grupo de fake news, mostra
uma gravação telefônica entre o delegado Maurício Valeixo, o diretor da Polícia
Federal, e o Ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, em que ambos
conversam sobre a descoberta de suas tramas contra o Presidente da República.
Eis o diálogo:
“Delegado: Moro,
o Pr. Já sabe de tudo.
Moro: Tudo o que?
Delegado: Tudo o que planejamos.
Moro: Como ele sabe?
Delegado: A inteligência do Exército.
Moro: Vou pedir demissão antes que ele me
demita e estrague minha história.
Delegado: Inventa uma história”.
Ora, se constatada
a veracidade deste diálogo entre o Ministro Sérgio Moro e o Delegado Maurício
Valeixo, ambos subordinados à Presidência da República, os dois podem sofrer
condenações judiciais por tramarem deslealmente contra o Presidente da
República. Aguardemos o resultado do trabalho dos delegados da Polícia Federal
a serviço do Supremo Tribunal Federal.
Rapaz, não tem
jeito, no Brasil, em matéria de política, tudo acontece junto e misturado,
somos uma sociedade aberta, como querem os juízes do Supremo Tribunal Federal, para
não dizer escancarada.
Para complicar ainda
mais toda esta crise, a deputada federal Carla Zambelli Salgado, apoiadora do
Presidente da República e tão amiga do ex-juiz Sérgio Moro a ponto de ele ser
seu padrinho de casamento, se queixou pelas redes de televisão que o Ministro
gravou e divulgou, sem sua autorização, o diálogo que ela manteve com ele em
uma tentativa de fazê-lo desistir da renúncia, sob o argumento de que o país
atravessava duas crises muito fortes: a da pandemia do COVID – 19 e a da
recuperação da economia. A deputada queixa-se de que o Ministro, no diálogo
travado com ela, colocou frases para serem usadas a posteriori, sendo uma delas a seguinte: “Não estou à venda”, por
ela ter insinuado que poderia fortalecer a sua indicação para juiz do Supremo
Tribunal Federal. O PSOL está pedindo o impeachment da deputada Carla Zambelli
por seu envolvimento com o ex-juiz Sérgio Moro enquanto Ministro da Justiça de
Jair Messias Bolsonaro.
Quem se lembra
da Operação Lava Jato, mesmo que não seja um militonto filiado ao Partido dos
Trabalhadores, não esquece nunca do uso que o juiz Sérgio Moro fez de uma
gravação de conversa entre a ex-Presidenta Dilma Vana Rousseff e o
ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva, divulgando-a para impedir a posse de
Lula como chefe da Casa Civil de Dilma, o que impediria que ele fosse
processado pela Justiça em decorrência do cargo que ocuparia. Também não se
deve esquecer que o ex-juiz Sérgio Moro, da Operação Lava Jato, apesar de
julgar inúmeros políticos filiados ao PSDB e encontrar provas de participação
em escandâlos envolvendo recursos financeiros, nunca condenou algum deles.
Seria esta uma legenda disponível para receber uma candidatura de Sérgio Moro à
Presidência da República? Nada podemos afirmar nessa direção.
Enfim, quantas
crises políticas poderiam ser evitadas se tivéssemos o sistema parlamentarista
de governo em nosso país, e quantas “fake news” para alimentar a fuxicaria e o
“disse-que-me-disse” inútil e desperdiçador de tempo precioso na construção do
Brasil, seriam evitados, se não misturássemos as funções de chefe de Estado e
de chefe de governo em nosso país.
Vejam quanto tempo dispendido pela família
Bolsonaro, procurando se defender de tramas e traições de auxiliares
presidenciais que adquirem a condição de possíveis candidatos em potencial e se
apresentam antecipadamente para o pleito presidencial em 2022, e são tantos os
casos que às vezes basta que o figurante se apresente com possibilidades
mínimas de reconhecimento por qualquer trabalho técnico ou político e já pode entrar
para a lista que ameaça a reeleição do Presidente Jair Messias Bolsonaro.
Parece que o
medo e a desconfiança superam o bom trabalho que vem sendo desenvolvido pelo
presidente eleito em 2018, pois são muitos os que tombam no caminho em
decorrência de um desempenho que comece a lhes firmar o nome perante a
cidadania e o eleitorado nacional, E nesse sentido, podemos apontar o caso do
ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que tentou conciliar desempenho
técnico com vôos políticos, e também alguns dos generais que assumiram cargos
na Presidência da República e caíram no poço de desconfiança dos atentos irmãos
Bolsonaro por mistérios insondáveis, e foram prontamente defenestrados pelo pai
Presidente da República, mas nem por isso assumiram atitudes rancorosas nem
desleais, em público e para veiculação pela imprensa, para com Jair Messias
Bolsonaro.
Agora foi a vez
do Ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro. No entanto, o fulano é
sempre ele e as suas circunstâncias, como diria José Ortega y Gasset, o
filósofo espanhol, e aí não se pode deixar de prestar atenção ao comportamente
leniente, em alguns casos de investigação da Polícia Federal, ou sem a exigida
dedicação a tantos outros que estiveram sob a responsabilidade do Ex-Ministro
da Justiça, Sérgio Moro.
Porém, um
questionamento nos incomoda: Será que Jair Messias Bolsonaro não terá
adversários à sua altura no pleito eleitoral de 2022? Por mais que se eliminem
candidatos em potencial, sempre surgirão figuras que conseguirão atrair a
atenção do povo brasileiro como candidato à presidência da República e a Jair
Messias Bolsonaro só restará como credencial e trunfo maior para enfrentá-los e
tentar uma reeleição, o seu desempenho como administrador competente, honesto e
avesso a maracutaias políticas, um governante que foi capaz de resgatar o
Brasil do fundo do poço de desarranjos econômicos, financeiros e sociais em que
os péssimos representantes do Partido dos Trabalhadores o colocaram.
Duvidamos que o
povo brasileiro esqueça o bom desempenho do Presidente Jair Messias Bolsonaro,
em especial a sua honestidade, a sua preocupação com o povo desamparado financeiramente
nesta crise que misturou uma pandemia com a economia, e a recusa em participar
do “toma-lá-dá-cá” do chamado presidencialismo de coalizão.
No meio de toda
esta turbulência política, só nos resta aguardar o desfecho do processo que
será conduzido pelo Supremo Tribunal Federal, esperamos que com isenção
política, para sabermos quem tem razão, se o ex-juiz Sérgio Moro ou o
Presidente Jair Messias Bolsonaro, o Presidente desta sofrida República
brasileira, que em sua réplica à acusação de que queria um diretor da Polícia
Federal que lhe reportasse sobre o andamento de investigações sigilosas,
afirmou que foi pressionado pelo ícone do combate à corrupção em nosso país com
um pedido de nomeação para o cargo de juiz do Supremo Tribunal Federal, depois
do mês de novembro de 2020 quando, aí, sim, ele poderia concordar com a
exoneração de Maurício Valeixo, seu antigo auxiliar desde os tempos de juiz no
Paraná, do cargo de Diretor-Geral da Polícia Federal, uma posição burocrática
cujo preenchimento é, por lei, de exclusiva responsabilidade do Presidente da
República.
Se as denúncias
do desleal Ministro da Justiça e Segurança Pública do governo de Jair Messias
Bolsonaro forem aceitas e comprovadas, ao Presidente da República, para
sobreviver no cargo que ocupa, só restará uma saída: associar-se a Valdemar da
Costa Netto e a Roberto Jefferson, políticos condenados pela Operação Lava Jato,
mas ainda no comando de bancadas partidárias cujos parlamentares, aliando-se
aos parlamentares que apoiam o messias político brasileiro, podem formar um
“Centrão Político” que o livrará de um pedido de “impeachment” ainda neste ano
da graça de 2020. Para isto serve à perfeição o “presidencialismo de coalizão”.
E se tal evento não acontecer, e Jair Messias Bolsonaro, o homem da palavrada,
sofrer um impedimento, aí teremos que nos conformar com a assunção do general Antonio
Hamilton Martins Mourão, o vice-presidente, para concluir o mandato
presidencial. É o que determina a Constituição de 1988. E aguardar que venha um
sistema de governo parlamentarista, porque ou o Brasil acaba com o
“presidencialismo de coalizão” ou este sistema de governo continuará inviabilizando
o Brasil.
Quanto ao
destino político do ex-juiz Sérgio Moro, mesmo apoiado e sustentado pelo
Partido da Social Democracia Brasileira, o PSDB, o partido do Mensalinho para a
reeleição de Fernando Henrique Cardoso, isto dependerá do julgamento do povo
brasileiro que poderá continuar incensando-o como um ícone de honestidade e
comportamento probo ou, simplesmente, apagá-lo da memória nacional, depois
dessa empreitada contra o Presidente Jair Messias Bolsonaro, o político de
personalidade impulsiva que, confiando nas virtudes de alguém com uma imagem
impoluta trouxe para dentro do seu governo não o ovo, mas a própria serpente.
Afinal, só pode
ser uma serpente aquele que, convidado para o importante cargo de Ministro da
Justiça e Segurança Pública, com a forte possibilidade de mais adiante ser indicado
como juiz para o Supremo Tribunal Federal, como todo o Brasil tomou
conhecimento e ficou torcendo por essa nomeação, optou por abandonar vinte e dois
anos de trabalho como juiz federal de primeira instância, que guardava
obediência, respeito e hierarquia funcional, administrativa e jurisdicional ao
Tribunal Regional Federal da 4ª Região, ao Superior Tribunal de Justiça, ao
Conselho Nacional de Justiça e ao Supremo Tribunal Federal e deu um salto
enorme para se transformar em Ministro de Estado e, pelo seu trabalho, abrir
caminho para ser nomeado para a Corte Suprema de Justiça do Brasil tão logo se
apresentasse uma vaga naquele tribunal, como estava previsto para acontecer em
decorrência da aposentadoria obrigatória do juiz mais antigo, nos dois anos
seguintes à sua investidura ministerial.
Aboletado nessa nova
e estratégica função durante quase dois anos, o ex-juiz Sérgio Moro mostrou a
face mais cínica e perigosa de sua personalidade, e foi capaz de gravar e
armazenar mensagens, aúdios e outros indícios de conversas entre ele e o seu
chefe, o Presidente da República, durante quinze longos meses, para utilizá-los
mais tarde como comprovação natural da desonestidade do seu superior, tão logo
desistiu da posição de Ministro de Estado.
E o ex-juiz
Sérgio Moro, depois de oito horas depondo perante delegados da Polícia Federal
e procuradores da República, afirmou em um “tweeter”, justificando seu ato de
traição, que “Há lealdades maiores que as pessoais”. Claro, lealdades
argumentadas, por exemplo, por alguém que devote lealdade maior a uma
candidatura à presidência da República.
O ex-juiz Sérgio
Moro não pode dispor de provas contra o presidente da República, ele poderá ter
em seu domínio uma grande quantidade de diálogos, com indícios de desabafos
entre duas pessoas que trabalharam juntas e confiaram na honestidade de ambas para
a preservação do teor de conversas em um ambiente de privacidade, ainda que coloridas
por palavrões. E, é claro, entre tantas gravações durante quinze longos meses, será
possível obter interpretações dúbias que se configurem em decorrência de intempestivos
desafogos de pensamentos intímos, mas que não passam de desabafos deselegantes ou
aloprados de um participante em uma conversa reservada com alguém de sua
absoluta confiança, mesmo que este impulsivo participante esteja no exercício
da presidência da República.
Todo esse
comportamento do frio, calculista e ambicioso Ministro da Justiça e Segurança
Pública configura o mau caráter de alguém que não se pode convidar e abrir a
porta da própria casa para deixá-lo entrar, sequer para um cafezinho.
Mesmo assim,
acredito que haja quem tenha coragem de convidá-lo para assumir um cargo de
confiança em governos estaduais. A possibilidade de um voo em direção ao cargo
de Presidente da República, para alguns políticos, vale qualquer risco.
Enfim, o tempo é
senhor da razão, como disse, no ano de 1992, o ex- Presidente Fernando Collor
de Mello para logo a seguir ser destituído das funções presidenciais, por um
“impeachment”, e ser substituído pelo seu vice-presidente, Itamar Franco, um
raro e honesto homem público brasileiro, que saneou as finanças públicas e
criou uma moeda forte, o Real, o que possibilitou a continuidade da
governabilidade entregue aos governos de Fernando Henrique Cardoso e Luis
Inácio Lula da Silva.
E eis que
chegamos à dura realidade herdada dos governos comandados pelas elites
petistas, e às lutas política e econômica agravadas pelo enfrentamento de uma
pandemia, a do coronavírus ou COVID-19, mas sem perder a esperança de fazer o
Brasil renascer dos escombros a que foi levado, uma difícil tarefa que vem
sendo entregue a cada presidente da República que o povo brasileiro elege na
sequência de democráticos processos eleitorais, com mandatos dependentes de um
nefasto presidencialismo de coalizão.
A sorte está
lançada, aguardemos o seu desfecho no ano próximo de 2022.
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